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Verba federal para saneamento no Ceará é reduzida em 62% em 2019

28 de novembro de 2019 às 09:40 - Atualizado em 28/11/2019 09:41

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O déficit na cobertura da rede de esgotamento sanitário em Fortaleza é histórico: a falta de acesso ainda afeta cerca de 38% dos domicílios, segundo a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Enquanto isso, o investimento repassado pelo Governo Federal ao estado para saneamento caiu 62%, de 2018 para 2019, passando de R$ 73.289.611 para R$ 27.367.465. Os dados consideram os períodos de janeiro a outubro de cada ano e foram obtidos no Portal da Transparência.

Conforme o levantamento, o Governo Federal destinou oito repasses a localidades cearenses nos dez primeiros meses de 2018:

Fortaleza, R$ 29 mil;
Camocim, R$ 24,9 milhões;
Quixeramobim, R$ 2,9 milhões;
Crato, R$ 2,8 milhões;
Sobral, R$ 2 milhões;
Icó, R$ 1,4 milhão
Chorozinho, R$ 933 mil,
Estado do Ceará, R$ 16,5 milhões 

Já no mesmo período de 2019, os repasses federais foram distribuídos da seguinte forma:

Camocim, R$ 4,7 milhões;
Quixeramobim, R$ 4,3 milhões;
Sobral, R$ 1 milhão;
Chorozinho, R$ 335 mil;
São Gonçalo do Amarante, R$ 283 mil;
Juazeiro do Norte, R$ 93 mil;
Icó, R$ 34 mil;
Estado do Ceará, R$ 16,5 milhões 

Proliferação de doenças 

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As consequências da falta de ampliação do serviço de saneamento básico afetam diariamente as saúdes da aposentada Zulene Pereira, 69, e dos netos de seis, oito e nove anos de idade, que “vivem com febre e vomitando”.

“Não quero eles pisando no campo de jeito nenhum, porque é pior. Eles ficam levando sol, chegam em casa e tem o mau cheiro e o meladeiro. Pioram! Aqui a gente já se levanta com o pé na lama”, descreve, mencionando o único lazer que os meninos têm na Comunidade Santa Rita, no Bairro Barroso, periferia de Fortaleza.

No período de chuva, a água alaga a casa da aposentada, situação semelhante à de Francisca Raiane Costa, 22, e da mãe, que já enfrentam o problema há dois anos “Começou saindo um pouquinho d’água, a gente limpava… Quando fomos ver, chegou na sala, e a gente sufocada com a catinga de esgoto. Não temos condições de ajeitar nem alugar outra casa, temos que enfrentar o sufoco”, lamenta Raiane, que, assim como a mãe, ainda enfrenta as sequelas da chikungunya.

As arboviroses são algumas das doenças às quais populações de regiões sem esgotamento sanitário estão expostas, como explica o professor do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano Pamplona. “Há muitas verminoses importantes e doenças de pele que acabam acometendo essas pessoas. As crianças brincam, jogam bola nessas áreas, adoecem e tem o crescimento prejudicado. Esgotamento sanitário se relaciona, inclusive, com índices de mortalidade infantil”, avalia.

De acordo com a Cagece, as coberturas de água e esgoto em Fortaleza são de 98,6% e 62,4%, respectivamente – mas, como aponta Luciano, as falhas de distribuição influenciam na saúde coletiva. O pesquisador alerta para a realidade por trás dos números oficiais. “Mesmo nos locais onde as pessoas têm água, não têm o dia todo, então precisam armazenar. Certamente, temos doenças muito influenciadas por essa carência”.

Investir em saneamento básico – que inclui acesso à água, rede de esgoto e coleta de lixo –, para o especialista, é “caro e trabalhoso”, mas “uma das mais eficazes medidas de prevenção” contra doenças. “Em Fortaleza, várias áreas têm saneamento básico estruturado, mas as redes das casas não estão ligadas. É um problema crônico. É preciso educar as pessoas sobre a importância do saneamento”, destaca Luciano Pamplona.


Com informações do G1