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Caso Júnior Mano: investigação aponta deputado do CE como 'operador ativo da engrenagem criminosa'

08 de julho de 2025 às 08:50

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O deputado federal Junior Mano (PSB) teve “participação central” na organização criminosa que usava recursos públicos para comprar votos em diversas cidades cearenses. A informação foi repassada pela Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (STF), e embasou decisão do ministro Gilmar Mendes que autorizou operação contra o parlamentar nesta terça-feira (8). O PontoPoder teve acesso ao documento e destaca, a seguir, os indícios apontados pela corporação.

Segundo relatório da PF, “a atuação do parlamentar extrapola a esfera meramente política, configurando-se como operador ativo da engrenagem criminosa”. A conclusão foi tirada a partir de mensagens trocadas entre Bebeto Queiroz (PSB), prefeito cassado de Choró, e interlocutores ligados ao deputado.

Os indícios colhidos ao longo da investigação mostram que o grupo autorizava a destinação de emendas parlamentares, inclusive de terceiros, para prefeituras previamente cooptadas, mediante exigência de retorno financeiro na ordem de 12%, tratado como "imposto" ou "pedágio". O esquema aconteceria por meio de empresas de fachada, que lavariam o dinheiro.

O cruzamento de dados dos sistemas do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do Tribunal de Contas do Ceará (TCE-CE) revelou que essas empresas movimentaram cerca de R$ 455,5 milhões entre 2023 e 2025, dos quais ao menos R$ 91,9 milhões têm origem comprovada em recursos federais enviados aos municípios cearenses. 

A PF também constatou a existência de uma "cadeia hierárquica interna bem definida e o temor de represálias diante de qualquer desconformidade nas remessas de valores".

O inquérito da Polícia Federal foi aberto em setembro do ano passado, em meio às eleições municipais. Os trabalhos avançaram e, nesta terça-feira, Junior Mano foi alvo de operação. Agentes da operação Underhand cumpriram diligências no gabinete do deputado em Brasília e também no Ceará, em endereços de Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio. Em nota, o deputado nega envolvimento e diz que "a verdade dos fatos prevalecerá".

Coleta de provas

A constatação veio com informações extraídas dos telefones celulares apreendidos em outras diligências e com o cruzamento de movimentações financeiras suspeitas. Havia comunicação em tempo real sobre a liberação de recursos e a expectativa financeira, indicando ciência e chancela aos ilícitos, aponta relatório da Polícia Federal.

O órgão, inclusive, colheu evidências de que o grupo buscava recorrentemente eliminar provas dos ilícitos, obstruindo a Justiça. Isso motivou a concessão da medida cautelar, como forma de impedir que elementos probatórios sejam ocultados ou destruídos.

Cronologia da investigação

Em dezembro de 2024, a Justiça Eleitoral remeteu o caso Bebeto Queiroz ao Supremo Tribunal Federal. O motivo era a possível participação do deputado federal, que tem foro privilegiado, no esquema de desvio de emendas supostamente coordenado pelo colega de partido. 

Com a expedição do caso à instância superior, o processo foi distribuído para o gabinete do ministro Gilmar Mendes, que autorizou os mandados cumpridos nesta terça-feira. 

A ligação entre Junior Mano e Bebeto ganhou contornos judiciais durante as eleições do ano passado, quando a Prefeitura de Choró – comandada por um aliado de Bebeto à época, Marcondes Jucá (sem partido) – foi alvo de duas operações.