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Prefeituras fecham serviços de saúde e pressão sobre Fortaleza aumenta

Prefeituras reduzem atendimentos em importantes hospitais do Interior alegando gastos com a seca e crise econômica.

23 de novembro de 2015 às 08:43

Fachada do Hospital Nossa Senhora da Conceição

Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará, recebe grande fluxo da Jurema, em Caucaia

O comprometimento de receitas municipais em função da seca e das dificuldades econômicas afeta serviços de saúde em alguns dos principais polos regionais do Interior do Ceará, com reflexos na Capital. Quixeramobim e Iguatu, por exemplo, restringiram o acesso a certos atendimentos da rede municipal, alegando não haver recursos próprios nem repasses suficientes para dar conta dos equipamentos.

Ambas as cidades apresentam situações graves e que se assemelham a de outras como Limoeiro do Norte, Iracema e Fortim, segundo a Associação dos Municípios Cearenses (Aprece).

Apesar de não ter acompanhamento formal do problema, a entidade aponta que praticamente todas as prefeituras têm relatado dificuldade em manter seus hospitais funcionando com estrutura adequada. Pagar pessoal é o maior desafio, destaca Ana Mello, assistente técnica do departamento de Saúde da Aprece.

Os efeitos sobre Fortaleza são instantâneos. No Instituto Doutor José Frota (IJF), de maio a outubro deste ano, a média de pacientes em internação, vindos do Interior, subiu de 47,4% para 54,74%. Lá, costumam chegar enfermos encaminhados, principalmente, de hospitais de Caucaia, Maracanaú, Maranguape e Itapipoca.

“Se tivéssemos uma rede estruturada em todos os municípios, talvez muitos desses pacientes tivessem atendimento sem precisar se locomover”, analisou o diretor médico do IJF, Osmar Aguiar. Ao O POVO, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, reforçou a compreensão do problema: “O IJF nunca viveu um momento tão grave. Comigo, agora, é o pior”. Em 3 de novembro, a coluna Vertical, do jornalista Eliomar de Lima, apontava o aumento da demanda do Interior sobre o maior hospital do Estado.

Dificuldades

Quando não consegue dar conta da demanda, o Hospital Regional de Iguatu costuma transferir pacientes tanto para Fortaleza como para o Hospital Regional do Cariri. A unidade recentemente fechou as portas para atendimento clínico traumatológico e opera somente cirurgias eletivas, segundo a secretária da Saúde municipal, Vanderlúcia Lobo.

“Vamos ter de gerir o hospital com recurso bem menor. Por isso, fechamos a porta de entrada para traumatologia e a UTU (Unidade de Terapia de Urgência)”.

Em Quixeramobim, o Hospital Regional Doutor Pontes Neto, cujo atendimento se destinava a pacientes tanto do Município como de localidades próximas, a exemplo de Pedra Branca e Senador Pompeu, fechou as portas para quem chega de fora.

Segundo o vice-prefeito Tarso Borges, que integra o comitê da administração do hospital, foi reduzido o salário dos médicos e dispensada boa parte do corpo profissional. “O Estado só repassa R$ 230 mil. A despesa é de R$ 2 milhões”, argumentou, acrescentando que a água que abastece a unidade provém de carro-pipa.

Estado

A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) informou, em nota, que repassa anualmente o valor de R$ 135,5 milhões a todos os 36 hospitais-polo da rede conveniada, sendo 34 no Interior e dois na Capital. Disse, ainda, que de janeiro a outubro deste ano, foram realizados 33,8 mil atendimentos na emergência do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), sendo 79% dos pacientes da Capital e 21% do Interior.

Cobrada pelas prefeituras, a Sesa entende que as dificuldades financeiras são realidade não só dos municípios, como dos estados de todo o País. “A conjuntura está igual para todo mundo. Estão juntos lutando para aumentar o financiamento do SUS (Sistema Único de Saúde)”, informou a secretaria, em nota.

O Povo