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Pandemia reduz mais de 500 mil procedimentos médicos em ambulatórios do SUS no Ceará

14 de setembro de 2021 às 09:45

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Com o sistema de saúde voltado para atender aos casos de Covid-19, o Ceará teve em 2020 uma queda de mais de 500 mil procedimentos ambulatoriais eletivos, ou seja, que não são de emergência, como exames e consultas. O dado é de um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgado nesta segunda-feira (13).

O estudo leva em conta o volume de atendimentos registrados no Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS), realizados entre março (primeiro mês da pandemia no Brasil) e dezembro de 2020, com o mesmo período de 2019.

No período analisado, o número caiu de 2.406.761 para 1.902.487 no Estado, revelando uma diminuição de 504.274 procedimentos. Em termos percentuais, a redução foi de 21%.

Apesar do número expressivo, o Ceará teve a menor queda da região Nordeste e a sexta menor do Brasil - cujo sistema foi impactado, ao todo, com quase 27 milhões de procedimentos a menos. Das 27 Unidades Federativas, apenas Amapá e Distrito Federal registraram aumento no intervalo analisado.

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Suspenção dos Atendimentos

Em 19 meses de pandemia, até agora, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) recomendou a suspensão de cirurgias e procedimentos ambulatoriais de baixo risco em dois momentos: março de 2020, mês inicial dos registros de Covid-19, e fevereiro de 2021, que marcou a piora da segunda onda.

Nas duas ocasiões, a recomendação foi direcionada a hospitais, clínicas, ambulatórios, laboratórios e unidades de saúde públicas e privadas cearenses. Profissionais dos serviços suspensos temporariamente foram orientados a compor a força de trabalho no enfrentamento ao coronavírus.

O CFM aponta que, de forma geral, o impacto negativo foi mais drástico durante os dois primeiros meses após a decretação de calamidade pública. “Em abril e maio do ano passado, a pandemia baixou pela metade os atendimentos eletivos oferecidos pelas mais diversas especialidades médicas”, explica.

Entre os serviços mais impactados pela redução, o CFM indica procedimentos oftalmológicos e de diagnóstico por imagem, além de exames de monitoramento de doenças respiratórias e metabólicas e outros preventivos contra o câncer, como mamografia e Papanicolau.

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Aumento da Fila

Necessidade de realocar leitos para tratar a nova doença e medo da contaminação em ambiente hospitalar. Para Gleydson Borges, mestre do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) - Capítulo Ceará, esses foram os principais motivos que levaram à queda na quantidade de procedimentos.

Porém, o isolamento prolongado sem assistência médica também piorou a condição de saúde de muitos pacientes. Com o retorno gradual aos atendimentos, os médicos precisam lidar com o agravamento de casos que, inicialmente, eram considerados simples.

"Casos que poderiam inicialmente ser tratados com procedimentos mais simples estão exigindo outros mais complexos. Vários pacientes que deveriam ser tratados no momento certo não foram e estão nos procurando com quadros mais graves."
GLEYDSON BORGES
Médico cirurgião

 

Com o represamento, o cirurgião também nota o descompasso da capacidade de o sistema absorver a demanda. “Os atendimentos ambulatoriais acontecem em progressão geométrica, enquanto os cirúrgicos são em progressão aritmética. Ou seja, atendemos muito mais pacientes do que podemos operar”, observa.

Borges estima que a normalização dos serviços a um fluxo regular ainda demore de quatro a seis meses, reforçando que os profissionais de saúde "têm consciência" das situações em que esse prazo possa ser diminuído.

Com informações do Diário do Nordeste