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Irrigantes se organizam para redução da oferta hídrica

08 de julho de 2015 às 09:53

Caixa e balde com acerola.

O Distrito Irrigado do Tabuleiro de Russas foi um dos mais prejudicados. FOTO: Ellen Freitas .

Os produtores alertam que uma das principais consequências da redução da oferta d'água é o desemprego

Russas. A partir de agora, produtores do Distrito Irrigado Jaguaribe Apodi (Dija), localizado entre os municípios de Limoeiro do Norte e Quixeré, no Vale do Jaguaribe, terão que adequar sua produção à nova disponibilidade de água de 2.75m³/s, definida pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), na última reunião do Comitê de Bacias, realizada no dia 2 de julho passado. Estimase um impacto negativo de pelo menos 30% na produção.

Com o quarto ano consecutivo de seca e a baixa recarga dos açudes, especialmente o Castanhão, que é responsável pelo abastecimento da irrigação na região, a agricultura irrigada já estava na pauta para restrição com a finalidade de garantir água para o abastecimento humano até a quadra chuvosa do ano que vem. Assim como este setor produtivo, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) também sofrerá reduções.

Com 19% da sua capacidade, o Castanhão ainda possui 1,2 bilhões de metros cúbicos de água, que permite que se mantenha a produção, com algumas restrições, e o abastecimento humano. Com a mudança no volume de liberação de água, a redução deverá ficar no entorno de 25%, saindo dos 3.4m³/s registrados semana passada para os 2.7m³/s, que deverá ser adequado de imediato junto aos produtores. De acordo com o presidente da Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi (Fapija), Raimundo César dos Santos (Alemão), ao longo desta semana, todos os irrigantes deverão ser comunicados da mudança por meio de documento. "Estamos fazendo um levantamento e concluindo o documento para serem entregue primeiramente aos produtores de cultura permanentes (banana, capim, goiaba, mamão), que ocupam 2.470 ha, e depois faremos o levantamento dos produtores das culturas temporárias (milho, soja, silagem). Tudo deve ser implementado de imediato", avisou Santos.

Sobre impactos financeiros, Alemão acrescenta, que, por enquanto, não há como ter esse cálculo, já que as medidas ainda serão implementadas. "Quando nós passarmos a determinação para os irrigantes é que vamos ter um retorno deles no tocante ao que será afetado na sua produção. A partir de então é que podemos ter uma estimativa financeira do quanto deixará de ser produzido", complementa.

Josué Maia é irrigante de banana. Juntamente com o pai, possui 14 hectares. Com a notícia da redução, ele conta que o momento é o de tentar manter toda a produção utilizando menos água. "Desses 14 hectares, nós já tínhamos perdido três com o problema do vendaval. Penso que não vou plantar mais nessa área até ser normalizada a oferta de água. Então, queremos manter todos os 11 que estão produzindo. Vamos tentar redistribuir essa água sem sacrificar os lotes", explicou.

Ainda segundo Maia, a medida afetará vários setores como, por exemplo, a geração de empregos. "Ainda é cedo para falar da quantidade. O dinheiro é pouco por causa da crise. As vendas estão reduzidas. A tendência é de que se reduza o quadro de funcionários. Com a redução da água, vai haver uma certa economia de energia, mas também vai cair a produção. Ainda não sabemos quanto isso vai impactar a produção, mas acreditamos que tenhamos uma queda de, no mínimo, 30%", afirmou.

Para o presidente da União dos Agronegócio do Vale do Jaguaribe (Univale), João Teixeira, não há muito do que reclamar, já que a região é uma das poucas que ainda possui água para a produção.

Como exemplo, ele cita as regiões do Vale do Acaraú e Vale do Curu, que tiveram sua produção interrompida por conta do nível dos açudes. Ele enfatiza que é preciso fazer algo urgente com relação à economia de água na RMF.

Criatividade

"Nós irrigantes temos que ser criativos, inovar. É um solo que ajuda muito, argiloso. Já vínhamos nos preparando, modernizando o sistema de irrigação para que perdêssemos o mínimo possível. E isso vale também para o consumidor em Fortaleza, já que o governo ainda não entrou numa campanha séria de uso racional da água. É preciso que eles também economizem para garantir o pouco que ainda temos", ressaltou.

Teixeira afirmou que a redução não influenciará muito nos preços das frutas produzidas na região. O impacto, porém, será na produção. "Quando foi divulgado que esse ano também teríamos pouca chuva, parte dos exportadores de melão e melancia seguiram para outras regiões, como Piauí e Rio grande do Norte, ainda no fim do ano passado", acrescentou.

O presidente ressalta ainda que o Distrito Irrigado do Tabuleiro de Russas (Distar) foi o mais prejudicado de todos, atualmente operando com 2m³/s, mantendo apenas para culturas permanentes. O impacto foi uma redução de 1.700 hectares de áreas irrigadas, havendo uma corte de cerca de 1.800 empregos diretos no setor.

Mais informações:

Federação das Associações do Perímetro Irrigado
Jaguaribe Apodi (Fapija)
Chapada do Apodi, km 12
Limoeiro do Norte

Fone: (88) 34231386 / 34232991
Ellen Freitas
Colaboradora

Fonte: Diário do Nordeste