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Crato tem maior número de agressões contra a mulher do Cariri

18 de outubro de 2018 às 09:05 - Atualizado em 18/10/2018 09:06

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 Foto: Antonio Rodrigues

No último dia 19 de agosto, a professora Silvany Inácio de Souza, 25 anos, foi morta com tiros à queima-roupa, na Praça da Sé. O suspeito do crime é seu ex-companheiro, que foi preso minutos após o assassinato. Menos de um mês depois, no dia 16 de setembro, outra professora, Cidcleide Bezerra Campos, também foi morta, vítima de golpes de faca por seu ex-namorado, que tentou se matar após o crime.

Curiosamente, no mês de setembro último, o número de boletins de ocorrência registrado por mulheres vítimas de violência na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Crato dobrou em relação a sua média mensal, que fica entre 80 e 100 casos.

Essa realidade motivou, nesta semana, uma audiência pública para debater a criação de um juizado especial de combate à violência doméstica no Município. Dados preliminares mostram que há elevado números de casos em comparação com outras comarcas, além de um aumento desproporcional nos últimos anos.

Em 2016, foram notificados 2.299 casos de violência contra a mulher em Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Ou seja, 6,26 ocorrências diárias. Estes dados estão disponíveis no caderno "Diálogos sobre as experiências no enfrentamento à violência no Cariri", resultado do trabalho realizado por pesquisadores e a equipe de bolsistas do Observatório de Violência e Direitos Humanos, da Universidade Regional do Cariri (URCA). Porém, a partir dos cálculos epidemiológicos, percebeu-se que Crato tem uma taxa de 14,18 notificações, superando Juazeiro do Norte, que possui uma população maior de mulheres e registrou 10,18 notificações.

Já Barbalha teve 1,9 notificações. "Como o juizado de Juazeiro atende as ocorrências das três cidades, ele está abarrotado de procedimentos", conta a delegada titular da DDM de Crato, Kamila Brito.

Mesmo Crato tendo uma população feminina que não alcança a metade da de Barbalha - 63.812 contra 131.586 -, "o número de BO's, inquéritos instaurados e medidas protetivas é quase equivalente a da Delegacia de Juazeiro do Norte", conta a delegada. Isso, contudo, não significa aumento da violência, mas os últimos casos de feminicídio, segundo Kamila, podem ter encorajado mais denúncias.

Machista

"Muitas vezes, as mulheres guardavam isso pra si. Acham que o homem vai mudar e acabam considerando tudo normal", lembra a delegada, acrescentando que a maioria das ocorrências é de ameaça e crime de lesão corporal.

A professora Grayce Alencar, coordenadora do Observatório da Violência, explica que "os números não demonstram a realidade da violência no Cariri e devem ser bem mais elevados, pois, há muitos casos subnotificados".


Diário do Nordeste