TVJ1.com.br

Regionais



PUBLICIDADE

{}

Cidades do Ceará têm atendimentos hospitalares prejudicados com saída de médicos cubanos

23 de novembro de 2018 às 15:31

undefined

 

Em todo Ceará, o Programa Mais Médicos contemplava 115 municípios, com mais de 400 médicos cubanos atendendo a população. Com o fim do convênio Brasil-Cuba, a falta dos profissionais na rede pública já repercute, principalmente, no atendimento a moradores do interior do Ceará.

Um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), obtido pelo G1, aponta que pelo menos 285 cidades em 19 estados do Brasil devem ficar sem médicos com a saída dos cubanos. O Conasems ainda não tem dados sobre o Amazonas, Amapá, Ceará, e Espírito Santo. Os órgãos de saúde do Estado tambem não souberam informar quantos médicos já deixaram o solo cearense.

No município de Iguatu, localizado no Centro-Sul cearense, 65% dos atendimentos em saúde eram compostos por profissionais cubanos integrantes do programa federal. O Município contava com uma equipe de 19 estrangeiros em 31 unidades do Programa de Saúde da Família (PSF).

Uma das pacientes que ficaram desassistidas após a saída dos profissionais cubanos foi a dona de casa Márcia Vieira, mãe de Gabriel, de 10 meses, que não conseguiu atendimento em Iguatu, nesta semana. Ela lamentou a ausência dos profissionais de saúde.

"Acho muito triste, porque a gente era superbem atendida. Eles tinham paciência, eram carinhosos como nenhum daqui. E agora temos que ficar esperando, sem saber quando vamos ser atendidos".

undefined

350 pacientes prejudicados por dia

 

A Unidade Básica de Saúde (UBS) Ernani Barreira, a maior de Iguatu, contava com três médicos, dos quais dois eram cubanos, para atender a uma média de 350 pacientes por dia. Os profissionais estrangeiros já deixaram a cidade. Apesar disso, de acordo com a coordenadora da UBS, Orbeli da Costa, o atendimento "vai continuar, sempre atualizando a população sobre o que está acontecendo".

A Secretaria de Saúde de Iguatu afirmou que será preciso "criar uma logística para atender aqueles pacientes que não podem esperar, direcionando para as unidades básicas disponíveis ou para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)".

Atendimento comprometido

 

A partida dos médicos cubanos tem causado transtornos também em grandes cidades do Ceará, como Sobral, a 240km da Capital. No município, dos 23 médicos atuantes, oito eram estrangeiros. Antes da implantação do programa, Sobral nunca havia completado as equipes de Saúde da Família.

A cuidadora de idosos Cleonice Saraiva reclama que tem vários problemas de saúde, e que só passou a ser acompanhada "à risca" após a chegada de uma médica cubana na unidade de saúde.

A coordenadora de Atenção à Saúde de Sobral, Josiane Dornelles, demonstra preocupação quanto à perda dos profissionais do Mais Médicos para a plenitude nos serviços ofertados na rede, mas garante que haverá "esforço" para impedir transtornos à população. "Até conseguirmos a reposição desses médicos, vamos organizar para que nenhum fique sem atendimento", disse.

Esforços

 

As cidades de Maranguape, Caucaia e Uruburetama sequer aparecem na lista do edital do Ministério da Saúde que visa ao preenchimento das vagas do Mais Médicos por brasileiros.

Sobre a substituição dos cubanos retirados do País e o possível déficit nas localidades assistidas por eles, o Ministério da Saúde afirmou, em nota, que "vai fazer um balanço das informações após o encerramento dos editais" dos concursos lançados para ocupação das vagas. De acordo com o Ministério da Saúde, até essa quinta-feira (22), foram registradas 6.394 inscrições, das quais 2.812 acabaram efetivadas. Chegaram a ser alocados, ainda, 2.209 médicos brasileiros.

As informações sobre o Ceará não foram fornecidas. Ainda ontem, o MS divulgou que vai prorrogar as inscrições para a nova seleção de profissionais.

Ausência

 

A reportagem questionou à Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) quantos municípios cearenses já perderam os médicos cubanos e se existe um prazo para os profissionais deixarem o Estado, mas a Pasta informou que não dispõe desses dados, uma vez que ficam a cargo das secretarias municipais. O presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), Josete Tavares, confirmou apenas que os médicos tiveram atividades encerradas dia 21.

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), responsável pelo convênio Brasil-Cuba, também não revelou a atual situação dos profissionais cubanos no Ceará, informando somente que "alguns deles já começaram a sair dos municípios" e que os primeiros voos de retorno dos médicos cubanos no Brasil já estavam marcados para ontem, hoje e amanhã. Até o dia 12 de dezembro, todos os mais de oito mil médicos devem deixar o Brasil.

 

 

G1