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Ceará é o 4º do país em aumento de leitos do SUS nos últimos 10 anos

28 de julho de 2020 às 08:51 - Atualizado em 28/07/2020 08:54

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Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que o Ceará é uma das 10 unidades da federação que apresentou aumento no número de leitos de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) na última década. Conforme o levantamento, o Ceará é o primeiro do Nordeste e o quarto do país com maior incremento de leitos.

Quando se compara a situação de 2020 com 2011, o estado apresenta um crescimento de 5,87%, o que representa um aumento de 842 leitos. Atualmente, o número absoluto chega a 15.171, enquanto em 2011, o valor era de 14.329.

Os dados do levantamento mostram também que apenas Rondônia, Mato Grosso e Tocantins tiveram aumento proporcional maior que o do Ceará. No Estado, diferentemente de outras unidades da federação, no início de 2020, o número de leitos habilitados para funcionar pelo SUS era superior à quantidade de estruturas do tipo disponíveis em 2011. Na maioria dos outros estados, esse total vinha em queda gradual.

No Ceará, o epidemiologista, professor de Saúde Pública e membro do Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Covid-19 da Uece, Marcelo Gurgel, ressalta que “o Ceará foi um dos (estados) que cresceu, mas não foi o maior. Pernambuco aumentou 2.697 leitos, e a população de lá é até um pouco menor que a daqui. A Bahia também aumentou um pouco mais do que o Ceará, mesmo tendo uma população maior do que a daqui. Na pandemia, por exemplo, o Maranhão criou mais leitos que o Ceará”.

Embora a pandemia seja um fator motivador para esse aumento, as estatísticas mostram que não foi o único, já que o número vem crescendo desde 2018. No entanto, a crise sanitária da Covid-19 acentuou a ampliação, pois, entre janeiro e junho 2020, foram garantidos 819 leitos a mais no Estado.

Interiorização das unidades de saúde

O professor Marcelo Gurgel, explica que no início da pandemia o Ministério da Saúde incentivou a criação de novos leitos por meio da Portaria nº 237/SAES/MS, de 18/03/2020. Entretanto, ele destaca que “houve realmente um grande esforço para credenciar leitos de UTI, que é uma carência histórica. A gente vem num processo de desativação de leitos, como o CFM apontou, com hospitais fechando, com leitos inativos, e isso muito tem a ver com o subfinanciamento na saúde. Pagamos muito mal pelo serviço prestado, o que acaba gerando o desinteresse”.

As últimas gestões do Estado também são apontadas por ele como um dos fatores para esse aumento com o esforço de interiorizar as unidades de internação. De acordo com o CFM, 5.906 dos 15.171 leitos estão na capital.

“Nesses quatro últimos governos, o Ceará implantou hospitais regionais, como o de Sobral, o do Cariri, o do Quixadá e um outro em Limoeiro do Norte. Então, dotou o interior com hospitais de alta complexidade, tentando que cada macrorregião de saúde do Estado seja atendida, e expandiu hospitais secundários de média complexidade pelo interior”, reforça.

Para o médico intensivista e coordenador da Central de Regulação das Internações no Estado, vinculada à Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), Mozart Rolim, essa ampliação tem conexão com o aumento dos hospitais terciários. No rol das ampliações está o Hospital Regional do Vale do Jaguaribe, previsto, afirma ele, para ser inaugurado até o final do ano ou em 2021.

“A gente fecha as cinco maiores regiões que estão no nosso planejamento. Desde que o Dr Cabeto assumiu, estamos discutindo a plataforma de modernização. Poder levar complexidade às regiões que precisam. Além disso, existe a reestruturação dos hospitais polos”, acrescenta.

Questionado se já há planejamento da incorporação total ou parcial de leitos criados para a crise da Covid, o que segundo o CFM é uma mudança para a assistência hospitalar que pode assegurar melhor atendimento para brasileiros com outros agravos de saúde, Mozart afirma que “vamos lutar pelas habilitações dos leitos para que possamos mantê-los”. Para isso, relata ele, é preciso o Estado “entrar junto para financiar esses leitos”.

O médico ressalta ainda que alguns foram construídos para serem contingência. Portanto, “nós precisamos ver se eles se adequam às normas. O que for adequado, o Governo vai tentar incentivar para que continue sim”. A ideia, segundo ele, é manter as estruturas para atender os chamados pacientes “não Covid”.

Os cálculos do CFM têm como base as informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Os leitos incluídos no levantamento são aqueles destinados a quem precisa permanecer em um hospital por mais de 24 horas. Para o CFM, o aumento em alguns estados está diretamente relacionado à pandemia.

A entidade considera que, por isso, os brasileiros que dependem do SUS estão tendo uma “retaguarda provisória e temporária”. O presidente do CFM, Mauro Ribeiro, diz que a abertura de leitos é um passo importante para tentar equilibrar a capacidade de atendimento e a necessidade daqueles dos pacientes do SUS.

Com informações do G1