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Ceará é homenageado por escolas de samba na Sapucaí

05 de março de 2019 às 09:51

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O Estado do Ceará foi uma das principais atrações em três desfiles consecutivos na 1ª noite do Grupo Especial de Escolas de Samba do Rio de Janeiro, na madrugada desta terça-feira (5).

União da Ilha do Governador, Paraíso do Tuiuti e Estação Primeira de Mangueira elegeram personagens e histórias do Ceará para apresentar ao sambódromo carioca. 

Alguns dos principais destaques nos enredos dessas agremiações são os escritores Rachel de Queiroz e José de Alencar, o personagem Bode Ioiô, o líder jangadeiro da abolição Dragão do Mar e os índios Cariri.

União da Ilha do Governador

A primeira escola da noite a homenagear o Ceará foi a Escola de Samba União da Ilha do Governador, quarta a passar pela avenida. O desfile começou por volta de 1h23min desta terça-feira (5).

A Comissão de Frente da Escola homenageou Padre Cícero e foi intitulada de "O Milagre da Fé". A ala contou a história da chegada de Padim Ciço a Marquês de Sapucaí para conceder sua bênção e promover verdadeiros milagres, renovando a fé ao ver a tristeza da gente sofrida e guerreira do Ceará de José de Alencar e Rachel de Queiroz. 

Com o tema “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”, o desfile da União da Ilha contou com 29 alas e 5 alegorias. A decoração de um dos veículos foi feita por 110 produtores da cidade de Jaguaruana, que confeccionaram as redes usadas no carro alegórico. 

O carro Abre-Alas " Dragão de Ipu e o Tesouro Holandês" foi todo forrado com palha de carnaúba cearense e a escultura do guerreiro na frente da alegoria é do artista cearense Assis Filho. As folhas usadas no veículo levaram 5 meses para chegar ao Rio de Janeiro e o carro alegórico levou para avenida um dragão de 12 metros altura.

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O cearense Leonel Hortêncio Dias, 52, natural de Crateús, desfilou pela primeira vez em uma escola de samba, momento que foi compartilhado com o filho. Irmão da proprietária de uma rede de restaurante considerado o reduto da culinária cearense no Rio de Janeiro, Leonel levou para a Ala 4 da União da Ilha, intitulada Sabores do Sertão, a experiência do ofício que desenvolve há 35 anos, trazendo a culinária do sertão para o estado carioca. "A gente tem que preservar nossa cultura do Ceará e a União da Ilha está fazendo um belo trabalho, uma homenagem muito bonita a nosso estado", afirma.

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O artista e artesão natural do Cariri, Espedito Seleiro, foi o homenageado da 24ª Ala da União da Ilha, intitulada “A Moda de Espedito Celeiro”. A homenagem faz parte do 5º Setor, A Beleza Arrochada no Aprumo, que também homenageia as rendas, o bordado e a moda de Ivanildo Nunes. O mestre Espedito Seleiro, como é conhecido popularmente, desfila no carro “Fios da Vida Tecendo Mundo”. Para participar da festa o artesão confeccionou a própria vestimenta, entre elas uma peça que ele ainda não classificou o que seria. “Nem é gibão, nem é colete, nem é paletó e nem é um blazer. É uma roupa preparada para participar do desfile”, explica. Espedito Seleiro não esconde a emoção ao falar sobre a expectativa de participar de um desfile na Sapucaí. “ Estou satisfeito, porque eu não esperava nunca está aqui participando de uma festa linda desse tamanho. Só tenho que agradecer a Deus”.

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A rainha de bateria, Gracyane Barbosa, usou a fantasia "Anjo Sagrado do Sertão", assinada pelo estilista Henrique Filho.

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Os componentes da bateria da escola desfilaram vestidos com a batina preta que relebra a roupa usada pelo religioso Padre Cícero. Além dos intrumentos tradicionais usados no samba, a bateria da União da Ilha incorporou a sanfona, instrumento musical tradicional do nordeste.

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Padre Cícero voou no sambódromo em cima de uma espécie de drone e agitou o público, que vibrava a cada decolagem. 

O desfile da União da Ilha foi encerrado por voltas das 2h45min, com 73 minutos.

Paraíso do Tuiuti

A quinta escola a se apresentar na Marquês de Sapucaí, Paraíso do Tuiuti, entrou na avenida às 2h53 e apresentou para o público a história do Bode Ioiô, personagem da cultura cearense que foi eleito vereador em 1922, em uma ato de protesto em Fortaleza.

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Vice-campeã do carnaval carioca, a Tuiuti trouxe para 2019 o tema "O Salvador da Pátria". Com 3.200 componentes, a Paraíso do Tuiti levou para a avenida 29 alas, 5 carros alegóricos e 2 tripés.

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A comissão de frente da Tuiuti  intitulada “Vendeu-se o Brasil no Palanque da Praça” contou a história de como se deu a eleição do Bode Ioiô e fez uma crítica à política da época, que sempre ficava na mão dos mesmos atores.

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O carro representa o passeio do Bode Ioiô com os vendedores de peixe na Beira Mar. A cabeça de dragão em arame homenageia o abolicionista Dragão do Mar.

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Os integrantes do carro estão com vestimentas que fazem alusão aos vendedores de peixe.

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Ala "Serestando ao Luar" mostrou as andanças do Bode Ioiô em meio as cantorias da boemia cearense.

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Carro com duas faces mostrou a modernidade que Fortaleza queria demostrar e o sofrimento sertanejo que a capital tentava esconder.

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O lado que Fortaleza tentava esconder para passar uma imagem superior as outras cidades em 1922.

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O Bodinho Ioiô, mascote do homenageado na escola de samba, desfilou no carro "Fauna Eleitora", que fez uma crítica aos currais eleitorais feitos pelos coronéis, que obrigavam as pessoas a votarem nos candidatos que eles queriam.

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Carro alegórico trouxe uma imagem e um slogan compartilhado após o resultado das eleições presidenciais de 2018. A imagem se tornou a representação da resistência da população.

O desfile da Paraíso do Tuiuti foi encerrado por volta das 4h10min.

Estação Primeira de Mangueira

A Estação Primeira de Mangueira entrou na Sapucaí às 4h14min com o enredo "História Pra Ninar Gente Grande", que aborda o lado não-oficial de personagens da história do Brasil e traz uma nova versão de acontecimentos históricos. O desfile da Mangueira contou com 3.500 componentes, 24 alas, 5 alegorias, 2 tripés e um componente alegórico.

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O carro "Mais Invasão do que Descobrimento" abordou a história do Brasil antes da chegada dos portugueses, com o argumento que a história brasileira não se dá apenas a partir de 1.500. A alegoria teve reprodução de pinturas rupestres encontradas na Serra da Capivara, no Piauí, datadas com 9 mil anos.

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Segundo carro da escola, com o nome "O Sangue Retinto Por Trás do Herói Emoldurado", questionou as expedições no Brasil colônia para a captura de riquezas e a exploração dos nativos.

 

O Ceará foi homenageado pela Mangueira na Ala da Confederação dos Índios Cariri, que remeteu ao conflito que reuniu em uma Confederação as tribos Crateús, Carius, Cariris e Inhamuns para lutarem juntos contra a ação de portugueses que escravizavam e vendiam índios como mercadoria.

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No quarto carro da escola, o "O Dragão do Mar de Aracati", fez uma releitura do abolicionista Chico da Matilde, natural de Aracati, que combateu o tráfico negreiro no Ceará.

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A imagem de Luis Gama, patrono da escravidão no Brasil, estampou estandartes acompanhadas de uma embarcação na avenida.

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No carro "A História que a História Não Conta" a Mangueira mostrou novas versões sobre a história de personagens brasileiros históricos.

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José de Anchieta, padre jesuíta espanhol e historicamente um dos fundadores da cidade de São Paulo também ganhou outra versão no defile da Mangueira.

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A ditadura militar brasileira, que compreende o período de 1964 a 1985, também teve espaço no enredo da escola verde-rosa.

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Bandeiras com o rosto da vereadora Marielle franco, assassinada em março de 2018 no Rio de Janeiro marcou o encerramento do desfile da Mangueira. A viúva de Marielle, Mônica Benicio e o deputado federal Marcelo Freixo desfilaram à frente da última ala.

O desfile da Estação Primeira de Mangueira foi encerrado por volta de 5h4min.


Com informações do Diário do Nordeste