"Se me cassarem, levo metade do Senado comigo", diz Delcídio
No Conselho de Ética do Senado foi aberto um processo contra o parlamentar, após representação feita pela Rede Sustentabilidade e pelo PPS, pedindo sua cassação sob a acusação de quebra de decoro parlamentar
22 de fevereiro de 2016 às 11:12
Depois de 87 dias preso, o senador Delcídio do Amaral
(PT-MS) se prepara para voltar às atividades como parlamentar, mas antes pensa
em tirar uma licença de até 120 dias para "ter paz para elaborar o
discurso". Conforme informa o jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira
(22), o ex-líder do governo no Senado está preocupado com a possível cassação
de seu mandato, e a perda do chamado "foro privilegiado", o que faria
com que seu caso passasse para o Paraná, onde seria analisado pelo juiz Sergio
Moro.
Segundo o jornal, o petista tem até ameaçado colegas pela
sua sobrevivência no Legislativo. "Se me cassarem, levo metade do
Senado comigo", teria afirmado a interlocutores quando ainda estava preso.
As expectativas são de que o senador faça um intenso trabalho de aproximação de
colegas por apoio, alegando ser inocente. No entanto, com tamanha deterioração
de imagem e a repercussão que sua prisão teve, poucos devem estar dispostos a
assumir o ônus de apoiá-lo, a menos que as condições de troca sejam proporcionalmente
proveitosas.
No Conselho de Ética do Senado foi aberto um processo contra
o parlamentar, após representação feita pela Rede Sustentabilidade e pelo PPS,
pedindo sua cassação sob a acusação de quebra de decoro parlamentar. Para
atrasar o processo, a defesa de Delcídio pede a substituição do relator
escolhido, Altaídes Oliveira (PSDB-TO), argumentando falta de isenção do
tucano.
Dentro do próprio PT, Delcídio teria perdido muito de sua
força. Antes tido como peça fundamental de interlocução, figura respeitada por
seu trânsito entre a oposição, o senador já perdeu o posto de presidente da
Comissão de Assuntos Econômicos, uma das mais importantes da casa, para Gleisi
Hoffmann (PT-PR), e não deve recuperá-lo. Há, inclusive, quem dê como certa sua
expulsão do PT.
Em contrapartida às ameaças apresentadas pela Folha, o
jornal O Estado de S. Paulo informou que Delcídio disse que não faria acordo de
delação premiada com o Ministério Público. "Vou reescrever minha história
sem revanchismo. Quero virar essa página", teria afirmado o petista, preso
em novembro do ano passado por supostas interferências nas investigações pela
operação Lava Jato. O morde e assopra indica o terreno arenoso em que a vida
política do parlamentar se encontra.
Advogado cearense na defesa do senador Delcidio Amaral
O respeitado advogado Raul Amaral Junior é um dos causídicos
que atuam na defesa do senador Delcidio Amaral (MS), juntamente com os
advogados Gilson Dipp e Luiz Henrique Machado.