'Renúncia não faz parte do meu vocabulário, e não fará', diz Cunha
21 de agosto de 2015 às 15:16
Um dia depois de ser denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção e lavagem de dinheiro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reafirmou inocência e descartou, nesta sexta-feira, 21, a possibilidade de renunciar do cargo. "Renúncia não faz parte do meu vocabulário e não fará", disse o peemdebista, que participa de um evento organizado pela Força Sindical em São Paulo.
Ao afirmar que "não há a menor possibilidade" de antecipar o a saída do mandato na Câmara, que se encerra em 2016, Cunha disse que não vai usar o cargo para retaliar adversários. "Não vou retaliar quem quer que seja nem tampouco vou abrir mão de direitos e deveres", disse. "Estou absolutamente sereno e nada vai mudar minha forma de atuar", completou.
Cunha disse que é "absolutamente inocente" das acusações de receber propinas para facilitar a contratação de empresas para a construção de navios-sonda da Petrobrás, feitas formalmente nesta quinta pelo Ministério Público Federal. "Não há nenhuma prova contra mim nessas denúncias". E repetiu que considera "estranho" que seja ele o primeiro denunciado pela PGR, uma vez que há pelo menos 53 parlamentares investigados pela Operação Lava Jato.
Amigo. O presidente da Câmara está em São Paulo nesta sexta para participar de um evento organizado pela Força Sindical. Controlada pelo deputado Paulinho da Força (SDD-SP), um dos mais fiéis aliados de Cunha, a Força transformou o evento em um ato de desagravo a favor do peemedebista. Cunha foi aplaudido diversas vezes enquanto falava.
Ao chegar à sede do sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o peemdebista foi recebido com gritos de "Cunha é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo" por trabalhadores ligados à Força. O local também foi decorado com faixas falando de pautas trabalhistas e também exaltando Cunha, associando-o à defesa dos trabalhadores.
Solidariedade. No discurso que antecedeu o de Cunha, Paulinho da Força disse, dirigindo-se ao peemdebista, que "você é a pessoa mais correta que eu já encontrei na vida". Paulinho também exaltou Cunha como a liderança brasileira que mais pode fazer pelos trabalhadores, em contraposição aos vetos presidenciais. ""Você tem coragem de enfrentar os poderosos. Tenho certeza que com sua liderança, vamos derrubar os vetos", disse em referência a propostas vetadas por Dilma Rousseff, como atrelar o reajuste de aposentadorias à correção do salário mínimo.
Em seu discurso, Paulinho disse que o País passa por uma das piores crises de sua história e falou do afastamento de Dilma como solução. "Se no ano que vem a gente tirar a Dilma e conseguir ter um presidente com uma grande coalizão, vamos crescer 3% e voltar à estaca zero", disse após prever que o PIB brasileiro vai cair 3% neste ano.
O parlamentar disse também que o Planalto tenta jogar a responsabilidade da crise no Congresso Nacional, mas que a oposição não vai permitir isso. "A oposição vai devolver, essa semana, a crise para dentro do Palácio do Planalto, onde sempre esteve. A crise é do PT, da Dilma e do Lula, eles que assumam sua responsabilidade." "Quem assaltou a Petrobrás foi a Dilma, o PT e o Lula", completou, em solidariedade a Cunha, mas sem citar a denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot.
Manifestações de apoio. Antes de sua fala, Cunha foi exaltado por outras pessoas que compunham a mesa no auditório. Foi chamado de "grande herói" e teve sua "coragem" e "credibilidade" destacadas pelo deputado estadual do PSDB, Antonio Ramalho, o Ramalho da Construção. O deputado tucano falou em "limpar a corrupção" que assola o País, mas evitando qualquer relação com o presidente da Câmara, denunciado ontem ao STF.
"Dá pra governar sem popularidade, mas sem credibilidade é impossível", disse Ramalho em um recado à presidente Dilma. Ele também criticou medidas contra o governo que considera contrárias aos interesses dos trabalhadores.
Miguel Torres, presidente da Força Sindical, foi outro a reclamar das medidas do governo e se ressentiu do uso do termo "pauta bomba" para matérias com impacto orçamentário mas que, segundo ele, são essenciais para garantir os direitos dos trabalhadores.
Outras lideranças sindicais recomendaram a Cunha que "não se abata" e passaram recados de que o presidente da Câmara pode contar com apoio das classes que representam.
MSN