PDT de Ciro quer liderar bloco de oposição a Bolsonaro com pelo menos 70 deputados
01 de novembro de 2018 às 07:14
O PDT do ex-candidatos Ciro Gomes estreitou ainda mais as articulações com PSB e PCdoB para compor bloco único de oposição no Congresso sem a participação do PT. Segunda colocada nas eleições presidenciais, com 45% dos votos, a sigla lulista tem a maior bancada da Câmara: 52 assentos.
Deputado federal reeleito e presidente estadual da legenda brizolista no Ceará, André Figueiredo afirmou que a intenção é criar uma frente de 70 parlamentares: 29 do PDT, 32 do PSB e nove do PCdoB. “Nós respeitamos os resultados das urnas, mas queremos um modelo de oposição diferenciado”, disse o deputado em entrevista ao O POVO.
Figueiredo se refere à declaração recente do também deputado federal José Guimarães (PT), que, em conversa com O POVO, afirmou que “as urnas delegaram a Fernando Haddad o papel de líder” da oposição.
Essa função, todavia, vem sendo contestada por siglas de centro-esquerda. O pedetista afirma que o objetivo dos três partidos é constituir um núcleo sólido na Câmara e Senado que possa se contrapor à agenda do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), cujo carro-chefe é a reforma da Previdência e o projeto “Escola sem Partido”.
Questionado se essa nova oposição encabeçada pelo PDT teria espaço também para o PSDB, Figueiredo afirmou que, “dentro da perspectiva de atuação conjunta, é pouco provável que o PSDB esteja conosco”. O deputado, porém, não descarta a participação de outras agremiações: “A depender da pauta, (PSDB) poderá ser um parceiro, como o PT será e eventualmente algum outro, como PV e PPS”.
Colega de bancada de Figueiredo na Câmara, o deputado mineiro Júlio Delgado (PSB-MG) informou que, embora a conversa com PDT e PCdoB “seja ainda embrionária”, as três siglas estão tentando encontrar “pontos de convergência” para robustecer a oposição a Bolsonaro.
“Esse bloco não pretende fazer uma oposição sistêmica, reivindicando um terceiro turno”, respondeu o parlamentar ao O POVO. “É uma frente em torno de assuntos que convergem para uma pauta na qual não há espaço para terceiro turno ou caixa 2 de WhatsApp”, afirmou, numa crítica indireta ao PT.
A suposta compra de disparo de informações pelo WhatsApp foi denunciada pelo jornal Folha de S. Paulo na semana que antecedeu o segundo turno das eleições entre Bolsonaro e Fernando Haddad, do PT. “Essa não é uma pauta para a gente”, acrescentou Delgado, para quem o PT, passada a votação, ainda permanece com “pretensões hegemônicas”.
Em entrevista à Rádio O POVO/CBN nessa quarta-feira, o ex-presidenciável Ciro Gomes voltou a acusar o PT de cometer fraude eleitoral.
“Tentei avisar um milhão de vezes da irresponsabilidade da cúpula do PT ao conduzir esse processo de disputa”, falou o ex-ministro. “O PT abusou da fraude em todos os caminhos. Foi o partido que encaminhou essa fraude, que deu no Bolsonaro.”
Pelas redes sociais, a presidente da sigla, deputada federal eleita Gleisi Hoffmann, lamentou que “Ciro Gomes esteja tão irritado com seu resultado eleitoral insatisfatório”. A petista prosseguiu: “Mas entendemos suas dores e somos solidários. O que importa é a unidade contra o fascismo e o ataque aos direitos do povo. Nisso estaremos juntos!”.
Perguntado sobre a tarefa de Ciro à frente desse bloco de oposição, Figueiredo falou que o ex-candidato, terceiro colocado na disputa presidencial, “sai fortalecido nesse processo”.
“O Ciro tem um papel de mostrar um contraponto que vem do governo Bolsonaro e apontar caminhos que possam ser diferentes”, completou. “Ele vai mostrar aos brasileiros que não votaram nele que há uma saída para esse Brasil dividido entre petismo e antipetismo.”