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O que é mais determinante para o seu voto? A paixão partidária ou a consciência?

18 de julho de 2016 às 08:13 - Atualizado em 18/07/2016 08:18

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Algumas coisas são determinantes quando é hora de escolher em quem votar. Em alguns casos, uma boa dose de paixão partidária estará envolvida. Noutros casos, a consciência e o respeito coerente com as bandeiras históricas defendidas e nas quais o sujeito ainda acredita, também pesarão na tomada de decisão. Em todos os casos, a escolha feita diz algo sobre quem a faz.

Quem vota apenas por paixão partidária não está interessado realmente no que os políticos fazem. Se eles resolvem passar por cima da própria história do partido ou fazer acordos com figuras que antes condenavam nos termos mais severos possíveis, pouco importará. A paixão é cega, como diz o ditado popular.

Quem vota apenas por paixão trata a política como trata o futebol. Não importa o que o time faça em campo, apesar da reclamação natural, a torcida continuará, porque é a paixão por ele quem determina isto. Na política, a paixão cega faz com que o militante ignore todos os princípios de atuação que aprendeu, enfraquece e derruba suas reflexões morais e o leva a fazer escolhas que, com um pouco menos de pragmatismo enlameado e um pouco mais de sinceridade e coerência, jamais seriam feitas.

Por outro lado, quem vota dando vez à consciência observa bem as posturas que cada liderança adota. Há, por exemplo, aqueles líderes que se dispõem a pisar em tudo o que há de mais caro para seus familiares, militantes e demais apoiadores. Estes contam com o voto apaixonado e não estão nem um pouco preocupados com o que reza esta ou aquela consciência dos militantes. Seu alvo é o poder a qualquer custo e a consciência militante é nada mais do que um empecilho a ser superado com todo tipo de justificativa, algo que só é útil para cenários fáceis.

Impressiona, de fato, que pessoas inteligentes, cultas, bons intelectuais, de boa envergadura moral, se deixem conduzir como robôs em nome da “torcida organizada” e da paixão, ignorando todo o resto.

No futebol – como na maioria dos esportes -, a paixão é natural e até esperada. Na política, ela é mãe de todo tipo de antecedentes ruins, ladroagens, desvios de toda espécie, comportamentos mentirosos, corrupção sistêmica e corrosão dos valores basilares da República e da Democracia. Na política, sem meios termos, a paixão é mãe de tudo o que não presta.

Há aqueles que, tentando enganar a própria mente, fazem afirmações de que certos comportamentos incoerentes são necessários para que objetivos que consideram nobres – tais como as causas sociais que alguns dizem defender -, sejam alcançados. Mal sabe ou se toca tal tipo de eleitor, mas ele já se tornou como os que defendem o princípio maléfico de que os fins justificam os meios. É este tipo de pensamento que sempre patrocinou os maiores absurdos da história humana.

Seja o que for que mova o indivíduo a tomar suas decisões, algo restará claro acerca de que tipo de eleitor ele é e, claro, do tipo de governante que merece ter.

Alguns momentos da história clamam por vozes dissonantes do pragmatismo enlameado, disposto a todo sacrifício pelo poder. A paixão partidária, cega, porém, exerce forte pressão contra este tipo de revelação. E enquanto o silêncio da oposição moral da consciência prevalecer, restará o olhar triste no espelho, o olhar de quem escolhe tomar suas decisões da forma mais condenada pela própria cabeça.

Por Gooldemberg Saraiva

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