“Não serei candidato de facção”, diz Eunício Oliveira
14 de novembro de 2016 às 09:05
Nome mais cotado para presidir o Senado no biênio 2017-2018, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), defende a independência dos poderes e alega que, se for candidato, não irá representar uma “facção”. “Quem presidir a Casa não pode ser presidente de partido político. Não sou da ‘turma do Renan’, nem de ninguém. Sou amigo dele e de todo mundo”, diz. Correligionário de Michel Temer, Eunício diz que a sucessão presidencial ainda está em aberto. Sobre seu desafeto político ser candidato, afirma: “Ninguém sabe do que Ciro Gomes vive.”
Presidência do Senado
Não conversei sobre isso diretamente com ninguém. O senador Romero Jucá tem toda a qualificação para ser presidente da Casa, mas já acumula a presidência do PMDB e a liderança do governo no Congresso. No PMDB, há certo entendimento (pela minha candidatura), mas me sinto impedido de fazer qualquer comentário a respeito.
Adversários
O PMDB tem direito regimental de pedir a presidência, mas pode surgir candidatura avulsa. Agora, candidatura avulsa não respeita a proporcionalidade. Esse é um assunto muito delicado, que envolve lideranças e partidos. Não há definição.
Concentração de poder
A eleição presidencial dos EUA, o país mais democrático do mundo, contou com só dois partidos políticos.
PMDB no governo, no Senado, nas relatorias…
Se eu for candidato, não serei de uma facção. Serei candidato da Casa. Quem presidir o Senado não pode ser presidente de partido político. Não sou da “turma do Renan”. Não sou da turma de ninguém. Sou amigo dele e de todo mundo. A relatoria é proporcional aos partidos políticos. Já abri mão de duas para outros partidos.
PEC do Teto
Jamais tiraria dinheiro da saúde e da educação. Venho de um Estado pobre, onde os pais têm dificuldade de criar os filhos. A saúde vai receber um incremento como piso. A educação recebe 18% dos impostos do Brasil, e ainda pode ter um pouco mais. O resto é discurso.
Protestos
Botam 20 meninos aqui para fazer barulho, pagos. Inventaram para os jovens que o Fies vai acabar. O Congresso vai ser valorizado por dizer que o orçamento não é mais uma ficção.
Verba indenizatória
Não uso, mas nunca divulguei isso. Utilizo do Senado as pessoas que trabalham no meu gabinete e o carro oficial. Nunca usei apartamento funcional; carro eu sempre tive e tenho avião. Para ser sincero, não uso para evitar que digam “esse cara tem um avião e usa passagem do Senado, tem casa e usa auxílio-moradia”.
Revisão da verba
Com o limite de gasto, todos os poderes vão rever isso. Renan (Calheiros) instalou a Comissão dos Supersalários porque tem gente ganhando R$ 170 mil. Não condeno ninguém que usa, é um direito. Talvez, se eu precisasse, utilizaria.
Suspeição alegada por Janot
Não sei, pergunte a ele. Ele nunca me telefonou para dizer nada (Janot declarou suspeição para investigar citação ao nome de Eunício na Lava Jato). Não somos amigos. Ele me procurou na época da sabatina no Senado e eu o ajudei.
Reformas
O Michel vai sofrer muito para fazer algumas reformas. Assumiu um papel que não foi para buscar popularidade. A prova disso é que ele manda matérias duras para o Congresso. Entre a popularidade e responsabilidade, ele fica com a responsabilidade.
Temer em 2018
A política é muito veloz. Um dia você está no auge; um dia, no chão. O Lula não fez a Dilma? A popularidade pode vir do dia pra noite. Se o piloto ganhar 3 corridas, ele é Deus. O Neymar, se errar 2 pênaltis, morreu.
Ciro Gomes
O Ciro não faz disputa dentro da razoabilidade. Ele faz uma disputa dizendo “picareta, ladrão!”. A gente não sabe do que ele vive, porque ele não ganha dinheiro e vive num imóvel à beira mar, igual ao meu.