Marqueteiros dizem que Dilma tratou de caixa 2
Os relatos das tratativas sobre caixa 2 diferem do que disseram outros delatores, como Marcelo Odebrecht, de que a presidente cassada sabia dos pagamentos
25 de abril de 2017 às 10:38
O marqueteiro João Santana e a sua mulher, a empresária Mônica Moura, disseram ontem, em depoimentos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que a presidente cassada Dilma Rousseff discutiu com eles pagamentos ilícitos feitos para a sua campanha eleitoral à reeleição, em 2014. A chapa encabeçada pela petista é alvo de ação na Corte Eleitoral por suspeita de abuso de poder político e econômico.
Os relatos das tratativas sobre caixa 2 diferem do que disseram outros delatores, como Marcelo Odebrecht, de que a presidente cassada sabia dos pagamentos irregulares relacionados à sua campanha, mas que não havia tratado diretamente sobre o assunto.
Segundo a reportagem apurou, o casal afirmou que João Santana conversou com a então presidente da República em meados de maio de 2014 sobre os pagamentos que seriam feitos via caixa 2. Mônica disse que tratou, posteriormente, sobre atrasos nos repasses com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, e Edinho Silva, ex-tesoureiro da campanha.
De acordo com os depoimentos, a Odebrecht acertou pagar R$ 70 milhões ao casal por meio de doações legais e outros R$ 35 milhões por meio caixa 2. Da parte não contabilizada, os marqueteiros teriam recebido algo entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões, restando uma “dívida” na casa de R$ 25 milhões.
O restante do pagamento, que seria efetuado usando uma conta no exterior, teria ficado comprometido com o avanço da Operação Lava Jato.
O casal não teria mencionado de maneira explícita a expressão “caixa 2” ao tratar do assunto com Dilma, mas afirmou que estava claro nas conversas mantidas com a então presidente a origem ilícita do dinheiro. Em outro momento, Dilma também quis saber se era seguro o pagamento feito utilizando uma conta no exterior. Outro lado Por meio de nota, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse ontem que Santana e Mônica “faltaram com a verdade” nos depoimentos prestados ao TSE. “Dilma Rousseff nunca negociou diretamente quaisquer pagamentos em suas campanhas eleitorais, e sempre determinou expressamente a seus coordenadores de campanha que a legislação eleitoral fosse rigorosamente cumprida”, diz a nota enviada pela assessoria da petista. (Agência Estado)