Lula e Dilma “reinauguram” obra do Rio São Francisco
20 de março de 2017 às 10:32 - Atualizado em 20/03/2017 10:33
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou, ontem, em Monteiro (PB), que um “segundo golpe” está sendo articulado para impedir a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência em 2018.
Ao lado de Lula, de governadores, senadores e deputados que o apoiam, Dilma fez a “inauguração popular” do eixo leste da Transposição do rio São Francisco, que fora inaugurado oficialmente pelo presidente Michel Temer (PMDB) no último dia 10. Após uma carreata percorrendo cerca de 170 quilômetros entre Campina Grande e Monteiro, na Paraíba, os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff chegaram ao eixo leste da Transposição do Rio São Francisco por volta das 14 horas.
O ex-presidente afirmou, em discurso, que reconhece os esforços de Dilma, do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, e do ex-ministro Ciro Gomes. “Porque hoje todo mundo é a favor, mas aconteceu com a Transposição igual ao que aconteceu com o Bolsa Família. Quando começamos, não faltava especialista na Globo pra falar que era melhor usar esse dinheiro fazer estrada, que era melhor gastar com outra coisa. ‘Vou fazer estrada no dia em que o povo comer cimento’, eu respondia”.
Segundo Lula, foi preciso muita briga e coragem para tirar a obra do papel. “E eu não topei isso porque sou bonzinho, mas porque com sete anos de idade eu já carregava balde de água na cabeça, andando pra cima e pra baixo com a barriga cheia de esquistossomose”. No dia 13 de dezembro de 1952, eu tinha sete anos, minha mãe colocou os filhos debaixo do braço e foi pra São Paulo porque não queria ver filho nenhum morrer de fome ou de sede”, recordou.
Ele afirmou ter mudado essa realidade. Hoje, disse Lula, existe até uma universidade federal no semi-árido. Além da Transposição, destacou o ex-presidente, que os governos petistas entregaram mais de 1,2 milhão de cisternas, que já garantiam abastecimento para 4,5 milhões de sertanejos.
Eleições
Já Dilma, adotou o tom eleitoral e afirmou que nada impedirá a candidatura petista em 2018. “Estou aqui para dizer, assim como vieram aqui e contaram mentiras da Transposição, eles contarão mentiras para que não tenhamos eleições livres, abertas, amplas. Impedirão? Não! O povo desse país não suporta um segundo golpe. Esse segundo golpe é impedir que os candidatos populares sejam colocados à disposição do povo. O Lula é um desses. Vamos nos encontrar com a democracia. É o único jeito da gente lavar a alma do povo”, disse Dilma.
Lula é réu em cinco processos e correr o risco de ficar inelegível em 2018 caso seja condenado em segunda instância.
“Golpe”
A paternidade da obra, que começou a sair do papel em 2007, no primeiro governo Lula, virou tema de debate nos últimos dias. Para Dilma, o “golpe” que a derrubou “ainda está em curso”. “Esse golpe não acaba aí. Ele continua. Nós todos aqui temos um encontro com a democracia em outubro de 2018. É quando nós vamos discutir o destino desse país. Eles sabem que se nos deixarem conversar com o povo, esclarecer o povo, nós ganharemos essa eleição”, afirmou.
“Nós seremos, possivelmente com o presidente Lula, grandes competidores. Nós não achamos que temos de ganhar todas as eleições. Quem acredita na democracia sabe perder. Nós sabemos perder”, completou. Lula e Dilma também receberam a medalha Epitácio Pessoa, que é a mais alta comenda da Assembleia Legislativa da Paraíba.
Antes, os dois passaram por Campina Grande, também na Paraíba, que será uma das cidades beneficiadas com as águas da Transposição. Na chegada a Monteiro, Lula, Dilma e a comitiva foram até a entrada da cidade e viram o canal. Um grande número de militantes e admiradores dos ex-presidentes receberam a comitiva aos gritos de “olê, olá, Lula, Lula” e de “Lula guerreiro do povo brasileiro”.
Ciro Gomes
Até então, estava prevista a presença do ex-ministro Ciro Gomes no ato. Mas, nas redes sociais, o pedetista explicou a ausência, justificado por problemas familiares. “Neste dia de São José, que todo o Nordeste brasileiro pede água, a inauguração da Transposição mostra a força do nosso povo. Parabenizo a todos que trabalharam para que este sonho fosse possível. Fico feliz e me sinto honrado de ter feito parte desta história. Infelizmente, por problemas familiares não pude ir ao evento”, publicou ele, acrescentando que, “em breve, pretendo ir ver de perto as melhorias que esta linda obra está levando para nossos irmãos e irmãs brasileiros”.