Guimarães alerta que, com Roberto Cláudio, aliança do PT-PDT pode ser quebrada
08 de abril de 2022 às 15:03
Uma entrevista do deputado federal José Nobre Guimarães ao Jornal Valor Econômico, edição desta sexta-feira, mostra o nível de conflitos na relação do PT com o PDT na corrida ao Governo do Estado. Guimarães declara o que vem dizendo com veemência nos bastidores políticos: se o PDT escolher o ex-prefeito Roberto Cláudio como candidato ao Palácio do Planalto, o PT terá outro rumo e lançará um nome à sucessão estadual.
“A depender desse nome e do caminho que o PDT escolher, evidentemente que o PT pode até discutir candidatura própria. Não vai manter uma aliança a ferro e fogo. O PT não vai para qualquer aventura”, diz Guimarães, que, com esse sentimento, traduz o descontentamento de setores da sigla com uma possível candidatura de Roberto Cláudio. O nome da governadora Izolda Cela é mais assimilável pelos petistas.
Roberto é um dos pré-candidatos do PDT ao Governo do Estado, mas, além da resistência no PT, é obstáculo, também, para uma eventual aliança envolvendo o MDB do ex-senador Eunício Oliveira. O PDT apresenta, ainda, como pretendentes ao Palácio da Abolição a atual governadora Izolda Cela – nome preferido do ex-governador Camilo Santana, do deputado federal Mauro Filho e do presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão.
Guimarães foi um dos principais interlocutores para a formação de alianças entre o PT e os partidos que, ao longo dos últimos 20 anos, foram controlados pelos irmãos Cid e Ciro Gomes.
Em 2002, o PT construiu a aliança para eleger Cid Gomes governador, indicando, à época, o então professor universitário Francisco Pinheiro como vice. De lá lá prá cá, Guimarães mantém o mesmo poder de articulação e, sob o seu controle, sempre esteve a Secretaria do Desenvolvimento Agrário. Os conflitos com o estilo Roberto Cláudio e as pesadas críticas do presidenciável Ciro Gomes ao ex-presidente Lula tem balançado a aliança na corrida às eleições de 2022.
Com Roberto Cláudio, Guimarães avalia que a relação será bem diferente: “Ele não deu um contínuo ao PT nos oito anos na prefeitura. O partido, por experiência, já sabe que vai perder a SDA”, aponta um cacique político local.
A reportagem do Valor Econômico relata que, ao ser indagado se o PT aceita o nome do ex-prefeito Roberto Cláudio, Guimarães deixa o recado: “O caminho do PT está definido. Estou na tese da aliança. Mas se o PDT tomar outro caminho lá na frente, o PT pode tomar outro também. A aliança pode ser quebrada? Pode”, diz.
Segundo Guimarães, a aliança precisa de uma candidatura “que seja a cara do Camilo”. “Que seja a síntese do seu governo, que ele deixa com 78% de aprovação. Não pode ser qualquer nome. Entre os que estão postos, o da governadora é o que melhor expressa isso”, observa, de acordo com declaração publicada na reportagem.
A tese de Guimarães é que, como Izolda Cela pode concorrer ao Governo, sem direito a um novo mandato, a escolha por ela facilitaria a composição na aliança entre o PT, o PDT e os demais 15 partidos da coalizão. “Atende ao imperativo das forças políticas. Então, até isso ajuda. Passa pelo desempenho, evidentemente’’, observa o líder petista.