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Empresária diz ter recebido dinheiro irregularmente para campanha de Eunício

13 de abril de 2018 às 10:16

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O presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB) teria recebido valores não declarados à Justiça Eleitoral na sua campanha ao Governo do Ceará em 2014. É o que afirma, em depoimento, a empresária Maurenizia Dias Andrade Alves, dona do Instituto Campus, que prestou serviços à campanha do cearense, e esposa de Paulo Alves, que atuou como marqueteiro do senador naquele ano.

O vídeo com o depoimento de Maurenizia foi divulgado pela revista Veja na tarde de ontem. Segundo a publicação, ele foi tomado como base, junto com a delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Hypermarcas, Nelson Mello, para as investigações da Operação Tira-Teima, deflagrada pela Polícia Federal na última terça-feira, 10, nas cidades de Fortaleza, Goiânia e São Paulo.

Maurenizia afirma que emitiu notas fiscais de empresas que, supostamente, pagavam por serviços solicitados ao Instituto Campus, mas que nunca foram prestados. Ela cita as empresas Hypermarcas e JBS, que já admitiram em delações irregularidades no pagamento de propinas a políticos, e também a cearense M. Dias Branco e a Corpvs Segurança. Desta última, um dos donos é o próprio Eunício.

“O Instituto Campus, em 2014, recebeu R$ 250 mil da empresa Dias Branco, R$ 250 mil da empresa Corpvs Segurança e mais R$ 2 milhões da empresa JBS, e não houve até o momento qualquer prestação de serviço a qualquer uma dessas três empresas. Foram feitos apenas os recebimentos sem os serviços correspondentes”, depõe Maurenizia.

“No caso das empresas Dias Branco e Corpvs, houve os recebimentos (dos valores) e a emissão das notas fiscais, mas não a formalização dos contratos; e, no caso da JBS, houve a formalização de contrato, emissão de nota fiscal e recebimento”, continua. Por duas vezes, ela diz que emitiu as notas por pedido de Paulo Alves, que explicava que essa era a “maneira viável de ele receber pagamento pelos valores pelos serviços que vinha executando na campanha de Eunício Oliveira”.

Maurenizia cita a Hypermarcas, mas não detalha qual o valor das notas emitidas da empresa. Em sua delação, Nelson Mello afirma que pagou R$ 30 milhões a senadores do MDB, dos quais R$ 5 milhões seriam à campanha de Eunício. Uma parte dos valores teria sido destinada para custear “despesas de empresas que prestavam serviços à campanha de Eunício” através de “contratos fictícios”.

Por meio de nota, Eunício nega irregularidades. “As contas da campanha do (então) PMDB ao Governo do Ceará em 2014 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. Todas as empresas citadas doaram legitimamente para o PMDB naquele ano, pois a legislação assim permitia na época”, diz o texto.

Já a M. Dias Branco afirma que “não realizou qualquer pagamento ao Campus Centro de Estudos e Pesquisa de Opinião Ltda, ou Instituto Campus”. No dia 10, a empresa confirmou por meio de outra nota que foi alvo de busca e apreensão da Operação e disse que está colaborando com a Justiça. A Hypermarcas também confirma as buscas no escritório de São Paulo e diz que não se beneficiou de “quaisquer atos praticados” por Nelson Mello.

OPERAÇÃO

A Operação Tira-Teima investiga se as empresas fizeram os repasses clandestinos para obter vantagens no Congresso Nacional. A maioria das informações até o momento, contudo, continua em sigilo.