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Com quase 100 dias de governo, Bolsonaro tem apoio apenas do próprio partido

25 de março de 2019 às 08:48 - Atualizado em 25/03/2019 08:51

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Perto de completar 100 dias no cargo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) tem governado com o apoio apenas do seu partido político no Congresso Nacional. Por enquanto, nenhuma legenda assumiu um compromisso com o Palácio do Planalto.

Precisando votar a reforma da Previdência, Bolsonaro segue sem construir uma base forte para aprovar uma matéria de desgaste no Parlamento. Entre as lideranças entrevistadas pelo Diário do Nordeste, sobram queixas sobre essa articulação.

Desde o início do seu mandato, o presidente estabeleceu uma política de aliança com as bancadas temáticas, como da Bala, da Bíblia e a Ruralista, resistindo às negociações com as siglas. Até a formação do primeiro escalão, Bolsonaro manteve esse discurso, adotado ainda na campanha eleitoral, indicando nomes técnicos e ligados a essas frentes. E deu espaços estratégicos para os militares em ministérios e estatais.

Somente o DEM foi contemplado com três Pastas importantes - Casa Civil, Saúde e Agricultura -, ainda assim não foram indicações do partido. Tanto que, apesar da posição de destaque na Esplanada dos Ministérios, o Democratas não aderiu à base governista e está dividido.

A relação entre o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Bolsonaro começou a azedar com as cobranças públicas que o parlamentar faz para o Governo organizar a base.

Reclamações

O líder do Pros na Câmara, deputado Toninho Wandscheer, prova essa insatisfação. Ele diz que a sigla está sendo "excluída" pelo Governo e critica o despreparo na articulação política.

"A gente está sendo deixado de lado. Em dezembro, ele marcou uma reunião e cancelou. Em janeiro marcou, cancelou. Em fevereiro, marcou outra e cancelou. A gente não está entendendo qual a importância do partido para o Governo", esbravejou.

Assim como o Pros, o Solidariedade não definiu um posicionamento em relação ao Governo. O líder do partido, deputado Augusto Coutinho, é claro: se não existe uma base no Legislativo, a culpa é do Executivo. "Ele não construiu nenhuma relação partidária por opção própria. Isso é péssimo, porque em qualquer democracia um Governo tem que ter uma base e hoje aqui na Câmara você não vê um partido ao lado do presidente, e a oposição já está formalizada", alertou.

Negociações

Os parlamentares têm pressionado o Governo pela liberação de emendas e cargos federais nos estados em troca de apoio. Interlocutores de Bolsonaro iniciaram as negociações com as bancadas, mas ainda sem êxito. Ao contrário, o presidente tem travado esse processo ao extinguir mais de 23 mil cargos e fixar regras para as nomeações.

Para o cientista político Marco Antônio Carvalho, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o governo vai ter de mudar a tática. "Vai ter que sucumbir a essa lógica do Legislativo. É um processo que não é fácil e não se muda a partir do resultado de uma eleição, porque boa parte dos apoiadores são da lógica anterior. Para o Governo fazer uma boa articulação ele tem que somar, não dividir", argumenta.

Reforma

Enquanto as conversas não prosperam, os partidos não prometem apoio à reforma da Previdência que requer, no mínimo, 308 votos para aprovação. Apesar de não integrar a base governista, o líder do PR, deputado José Rocha, nega que os partidos, mesmo insatisfeitos, se articulem para barrar a proposta. "A reforma é suprapartidária, não é do presidente. Não vejo que nenhum partido queira obstruir um projeto importante".

Até nas bancadas temáticas, que são alinhadas ao presidente Bolsonaro, o clima é de chateação. O deputado Jhonatan de Jesus, líder do PRB, partido ligado à Igreja Universal, escancara as queixas. "Não posso querer namorar alguém que não quer contato com a gente. Conversa tem toda hora, mas é reunião pra marcar a próxima reunião".

Já na bancada agropecuária, um de seus principais expoentes, o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), garante que o grupo está coeso no apoio ao Governo Bolsonaro. "Pode ter uma discordância, é natural, mas a nossa tendência é de apoiar".

O deputado federal, delegado Pablo (PSL-AM), por outro lado, diz que a formação da base está em curso. "Passamos 16 anos com um Governo de esquerda e agora essa é a primeira vez que ocorre uma transição verdadeira, então, como toda transição, requer uma nova construção da base do seu governo".


Com informações do Diário do Nordeste