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CHORÓ: Petista ganha salário como vice-prefeito e outro como assessor de Deputada

O município de Choró, no Sertão Central do Ceará, tem aproximadamente 13.000 habitantes. Segundo o IBGE, o IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – é considerado baixo e um dos piores do Estado.

16 de novembro de 2015 às 09:00

Sidney Cavalcante

Sidney Cavalcante, vice-prefeito de Choró, CE.

Cercados por uma realidade que pode ser descrita como aflitiva, era de se esperar que os representantes do povo naquele município utilizassem conscienciosamente as oportunidades e qualquer medida de prestígio político de que desfrutem com o objetivo de beneficiar a população.

Em vez disso, constatamos que ocorre justamente o contrário. É o caso, por exemplo, do vice-prefeito Francisco Sidney Cavalcante Sousa, o Sidney do PT. Além de receber salário como vice-prefeito, ainda conseguiu uma “boquinha” no gabinete da Deputada Rachel Marques, também do PT.

Como vice-prefeito, Sidney do PT recebe um salário mensal de R$ 5.688,00 (cinco mil seiscentos e oitenta e oito reais). Mas, além deste salário, ele já recebeu o valor de R$ 15.240,00 (quinze mil duzentos e quarenta reais) em diárias, conforme o Tribunal de Contas dos Municípios.

Para o trabalhador comum, que recebe geralmente com descontos apenas um salário mínimo, tais valores podem parecer exorbitantes, ainda mais considerando a realidade do município de Choró. Porém, Sidney do PT não se contentou em apenas exercer a função que lhe foi confiada pela população. De acordo com o portal da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, ele está empregado como assessor parlamentar da Deputada petista Rachel Marques.

Versão da deputada petista

Rachel Marques

Deputada Rachel Marques, do PT do Ceará.

Nossa reportagem entrou em contato com a deputada Rachel Marques para entender duas coisas: (1) que tipo de serviço Sidney presta ao seu gabinete, e (2) se ela não achava impróprio ou até imoral, dar a uma pessoa que já exerce o cargo de vice-prefeito, outro cargo em seu gabinete, gerando acúmulo de funções pagas com dinheiro do povo.

Rachel Marques explicou que as atividades de Sidney são legais e que ela não o teria inserido na folha de pagamentos do seu gabinete se visse algo de ilegal nisto. Foi explicado à Deputada que a reportagem não estava questionando a legalidade, mas sim a correção ética da prática. Ela afirmou que não via nada de errado em manter o vice-prefeito de Choró recebendo do seu gabinete. Ademais, explicou que ele realiza “a articulação do mandato” e que desempenha bem suas funções no gabinete.

Além de ser funcionário do gabinete de Rachel Marques, Sidney tem sido visto corriqueiramente na companhia do esposo da Deputada, o também petista Ilário Marques.

Versão do vice-prefeito petista

Já o vice-prefeito Sidney do PT, procurado por nossa equipe, disse o seguinte: “Fiz alguns trabalhos pontuais para a deputada”. Informado que, segundo o TCM, ainda está recebendo salário, não conseguiu explicar e deu evasivas dizendo que era um trabalhador comum, que sempre atuou como assessor parlamentar e que não via nada de errado na prática.

Nossa equipe perguntou ao vice-prefeito se ele se incomodava em revelar quanto recebia do gabinete da Deputada Rachel Marques. Embora tenha dito que não se incomodava, não quis revelar o valor. No entanto, o Monólitos Post apurou junto a Assembleia Legislativa do Ceará que a remuneração por assessoramento parlamentar pode chegar ao montante de R$ 13.807,98.

Algumas questões a considerar

Rachel Marques e Sidney Cavalcante pertencem, como já exposto acima, ao mesmo partido, o PT. Isto, ao que parece, facilita decisões deste tipo, em que uma só pessoa acumula funções e recebe, concordemente, para desempenhar atividades praticamente simbólicas.

Qual seria o posicionamento da deputada Rachel Marques, por exemplo, se Sidney não fosse do PT? De novo, vale ressaltar que não estamos tratando aqui da legalidade dos dois salários do vice-prefeito, mas questionando se não é imoral tal disposição para acomodar correligionários em cargos de gabinete que são, evidentemente, custosos ao povo.

Que dizer da alegação do vice-prefeito de que precisa trabalhar e que considera a prática de receber dinheiro pelo gabinete da deputada como algo normal? Ora, se ele acha que adotar tal atitude é necessária, mesmo recebendo quase seis mil reais da prefeitura e quase dezesseis mil em diárias, como ele entende que estão conseguindo viver os choroenses que ganham apenas um salário mínimo?

Num ambiente de crise econômica, estes representantes do povo fariam bem se considerassem a moralidade e correção de tal arranjo. Para cidadãos comuns, este tipo de coisa assemelha-se mais a uma artimanha para conseguir captar recursos financeiros da máquina pública, sugando-a tanto quanto ela possa suportar.

Veja anexo mostrando lista com o nome do vice-prefeito apontado como assessor de Deputada:

Monólitos Post


Monólitos Post