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Bolsonaro faz quinta visita ao Ceará em nova rodada de eventos por obras hídricas no Nordeste

08 de fevereiro de 2022 às 09:22 - Atualizado em 08/02/2022 09:22

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarca, nesta manhã, pela quinta vez no Ceará desde que tomou posse. Novamente, ele volta ao Estado para cumprir agenda em ações de infraestrutura hídrica. Nesta terça-feira (8), o chefe do Executivo nacional estará no município de Jati, no Cariri, para a retomada da liberação das águas da Transposição do São Francisco para o Cinturão das Águas. 

Bolsonaro fará o percurso entre as cidades de Salgueiro, em Pernambuco, e Jati, no Ceará, por volta das 12 horas, seguindo a rota das águas do São Francisco. É a terceira vez, desde que tomou posse como presidente, em 2019, que ele visita a região do Cariri.

Além de Pernambuco e Ceará, Bolsonaro tem viagem prevista para o Rio Grande do Norte, para a chegada das águas do São Francisco no Estado. Ele deverá estar acompanhado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que é potiguar e cotado como possível candidato ao Senado pelo RN em 2022.

Para o cientista político Juliano Domingues, professor universitário na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), tanto a presença constante do presidente quanto o teor das agendas indicam o interesse eleitoral das visitas ao Ceará. 

Inauguração de obras é um clássico na busca de capturar uma agenda positiva, sobretudo em ano eleitoral, porque atrai não somente a atenção da mídia, mas também de lideranças locais que buscam associar sua imagem ao benefício da obra. O palanque de inaugurações tende a ser disputado em função disso. No caso de obras de infraestrutura em localidades marcadas por desigualdades estruturais, essa pauta ganha ainda mais relevância”, aponta.

O cientista político e professor da Unilab, na Bahia, Cláudio André de Souza, acrescenta que Bolsonaro tem, neste ano, o desafio de inflar seu eleitorado para conseguir superar o ex-presidente Lula. “O Nordeste tem 26,8% dos eleitores, então ele precisa pensar estratégias para ocupar esse espaço na região”, afirma. 

Lula é muito mais forte no Nordeste e as pesquisas indicam que ele vem dominando de forma estável o eleitorado, ou seja, ele tem muito eleitor e, com mobilização eleitoral, isso deve crescer”, conclui o professor.

GAFE

Desta vez, Bolsonaro vive um momento de desgaste com a região do Cariri. Na semana passada, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, ele confundiu a cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, com algum município pernambucano. "Falaram que eu revoguei o luto de Padre Cícero. Lá do Pernambuco, é isso mesmo? Que cidade que fica lá?", perguntou.

“Cheio de pau de arara aqui e não sabem em que cidade fica Padre Cícero?”, acrescentou o presidente usando um termo pejorativo para se referir aos nordestinos. Ao ser informado de que a estátua fica em Juazeiro do Norte, ele concluiu. "Parabéns aí. Ceará, desculpa aí, Ceará", disse.

A quinta visita de Bolsonaro ao Ceará ocorre simultaneamente à passagem de seu antigo aliado, Sergio Moro, pelo Estado. O ex-ministro e ex-juiz chegou ao Ceará no último sábado (5) e tem agenda prevista até terça-feira (8) como parte de sua pré-campanha à Presidência da República. Moro, inclusive, esteve no último domingo no Cariri, na cidade de Juazeiro do Norte, e criticou o presidente. 

A palavra é decepcionado, desapontado, mas arrependido, não. Era um presidente que dizia ser contra a corrupção, que faria reformas, faria outras alianças, mas não fez nada disso. O Brasil está estagnado, há pessoas sofrendo, passando fome, além dele ter desmantelado o combate à corrupção”, disse.

Queda de Braço

Esta será a primeira viagem de Bolsonaro ao Estado como integrante do PL, partido que reúne, no Ceará, apoiadores de primeira ordem do presidente, como os deputados estaduais André Fernandes e Dra. Silvana, além do deputado federal Dr. Jaziel. A sigla, no entanto, é comandada pelo prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves, aliado do governador Camilo Santana (PT) e dos irmãos Ciro e Cid Gomes (PDT).

Desde a filiação do presidente da República, Acilon é pressionado a deixar o partido – ou pelo menos o cargo. Ao mesmo tempo em que o prefeito garante que se mantém no comando da legenda, os aliados de Bolsonaro tentam formar maioria na sigla para chegar à presidência do diretório estadual. Recentemente, filiaram-se ao PL Coronel Aginaldo, marido da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL), e Mayra Pinheiro, secretária no Ministério da Saúde.

O prefeito tem feito movimentos de aproximação com Bolsonaro. Nesta terça-feira, inclusive, ele estará em Jati recepcionando o presidente. 

De Olho nos Nordestinos

Em suas mais de 50 viagens ao Nordeste desde que tomou posse, Bolsonaro tem feito acenos para atrair o eleitorado da região, historicamente mais alinhado ao ex-presidente Lula. No caso do Ceará, o atual mandatário tenta reverter ainda a polarização entre o petista e o ex-ministro Ciro Gomes. Para isso, o presidente aposta no nome de Capitão Wagner (Pros) na corrida pelo Governo do Ceará. 

O sistema eleitoral brasileiro, baseado em distritos de ampla magnitude, incentiva que candidatos percorram um vasto território em busca de votos, principalmente em locais em que não são favoritos. Esse movimento de Bolsonaro parece ser reflexo disso. Ao visitar esses locais, ele se reúne com lideranças, fecha acordos, captura a agenda, consegue maior visibilidade midiática positiva e, assim, alimenta a expectativa disso resultar em benefícios eleitorais”, aponta o cientista político Juliano Domingues. 

Com informações do Diário do Nordeste