Sem julgamento, 44 PMs acusados da Chacina de Messejana, em Fortaleza, estão soltos
12 de novembro de 2018 às 10:00 - Atualizado em 12/11/2018 10:02
Há exatos três anos, na madrugada de 12 de novembro de 2015, foram assassinados, na Grande Messejana, 11 homens – sete deles adolescentes de 16 e 17 anos. Três novembros depois, nenhum dos 44 policiais militares do Ceará acusados da chacina foi julgado, e todos aguardam as decisões judiciais em liberdade, exercendo funções administrativas na corporação.
Em junho de 2016, sete meses após a matança, o Ministério Público do Ceará (MPCE) ofereceu denúncia contra 45 PMs, acusando-os de onze homicídios duplamente qualificados consumados e três tentados, três torturas físicas e uma psicológica. O Judiciário aceitou a denúncia de 44 deles, excluindo um tenente coronel.
Do total de acusados, 34 devem ir a júri popular – entretanto, como todos recorreram da decisão, os processos estão parados, e não há previsão alguma para os julgamentos acontecerem. Quanto aos outros dez, os juízes impronunciaram, ou seja, não consideraram as evidências de participação suficientes para levá-los a júri. O MPCE entrou com recurso para reverter a decisão.
Dor e memória
Independentemente da morosidade para julgar, condenar ou absolver, as famílias das 11 vítimas seguem erguendo a voz por justiça. “Eu financiei a bala que matou meu filho. Os carros, os celulares pra eles (policiais) se comunicarem... Naquele mês, nós pagamos os salários deles. Eu quero a condenação e a exoneração de todos”, sentencia Edna Carla Sousa, 47, mãe de Alef Sousa, morto aos 17.
As memórias dele e de Alisson, Jardel, Marcelo Mendes, Marcelo da Silva, Renayson (todos de 17 anos), Patrício, 16; Jandson, 19; Francisco Enildo, 41; Valmir, 37; e Pedro, 18, aliás, devem percorrer vários bairros de Fortaleza no Museu da Pessoa, uma mostra itinerante organizada pelas famílias. “É uma exposição que nós vamos fazer com áudios de depoimentos, fotos, os filmes ‘Nossos mortos têm voz’ e ‘ONZE’, e também manequins com roupas dos nossos filhos”, descreve Edna, uma das integrantes da comissão organizadora.
A exposição ainda não tem data nem detalhes logísticos definidos, mas, segundo ela, deve começar no Cineteatro São Luiz e migrar para os Cucas de Fortaleza. A iniciativa conta com apoio do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) e do Fórum Popular de Segurança Pública, instituições que prestam assistência aos familiares. Além delas, advogados, o Conselho Regional de Serviço Social (Cress) e a Defensoria Pública do Estado integram a rede de apoio social e jurídico.
Situação dos réus
Podem ir a júri popular*
1- Antônio Flauber de Melo Brazil
2- Antônio Carlos Matos Marçal
3- Clênio Silva da Costa
4- Francisco Hélder de Sousa Filho
5- Igor Bethoven Sousa de Oliveira
6- José Oliveira do Nascimento
7- José Wagner Silva de Sousa
8- Maria Bárbara Moreira
9- Kelvin Kessel Bandeira de Paula
10- Samuel Araújo de Aquino
11- Marcílio Costa de Andrade
12- Eliézio Ferreira Maia Júnior,
13- Marcus Vinícius Sousa da Costa,
14- Antônio José de Abreu Vidal Filho
15- Wellington Veras Chagas
16- Ideraldo Amâncio
17- Daniel Campos Menezes
18- Luciano Breno Freitas Martiniano
19- Daniel Fernandes da Silva
20- Farlley Diogo de Oliveira
21- Francisco Fabrício Albuquerque de Sousa
22- Francisco Flávio de Sousa
23- Gaudioso Menezes de Mattos Brito Goes
24- Gerson Vitoriano Carvalho
25- Gildácio Alves da Silva
26- José Haroldo Uchoa Gomes
27- Josiel Silveira Gomes
28- Luís Fernando de Freitas Barroso
29- Renner Diego Marques
30- Ronaldo da Silva Lima
31- Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes
32- Thiago Aurélio de Souza Augusto
33- Fábio Oliveira dos Santos
34- Francinildo José da Silva Nascimento
*Todos os réus entraram com recurso para reverter a decisão. O processo está parado até julgamento da ação.
Não devem ir a julgamento*
1- Carlos Roberto Mesquita de Oliveira
2- Francisco Fagner de Farias Mesquita
3- Antônio Juciêudo Holanda Lopes
4- Fábio Paulo Sales Gabriel
5- Francisco Girleudo Silveira Ferreira
6- Hugo dos Santos Guedes
7- Valdemir Izaquiel Silva
8- Jean Rodrigues de Melo
9- Ismael Alves Torres
10- Anderson Kesley Ribeiro da Silva
*Os juízes não consideraram que havia provas suficientes contra os dez PMs. O Ministério Público recorreu. O processo está parado até julgamento da ação.
G1/CE