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Quadrilha planejava se passar por Polícia Federal para resgatar presos no Ceará

16 de março de 2020 às 07:39

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Membros de uma facção criminosa cearense planejavam se aliar a uma facção carioca rival e se passar por policiais federais e por agentes penitenciários, para resgatar detentos de um presídio da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O plano ousado foi descoberto em uma investigação da Polícia Federal (PF), que culminou na denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) a 23 pessoas. O documento foi obtido pelo Sistema Verdes Mares.

O principal alvo da denúncia é Ednal Braz da Silva, o 'Siciliano', apontado como um líder da facção cearense. A partir do cumprimento do mandado de prisão contra ele - que já estava detido em uma unidade prisional, em Pernambuco - e da apreensão de um celular que estava em sua posse, no dia 26 de setembro do ano passado, os investigadores chegaram a planos de resgate de detentos, de ataques criminosos e até de assassinatos de autoridades do Estado.

 
Os crimes eram tramados por mensagens privadas ou em grupos do aplicativo Whats App - que foram extraídas através de autorização judicial. Conforme a denúncia do MPCE, no dia 11 de setembro de 2019, 'Siciliano' sugeriu o resgate de presos do Centro de Detenção Provisória (CDP), em Itaitinga, a Francinélio Oliveira e Silva, o 'Irmão Arqueiro': "Vão tudo como (policial) Federal e como agente (penitenciário) e com ofício de transferência... Depois vou pegar a lista e lhe mando ok... Já compramos os carros e mandamos envelopar (adesivar)".

No dia 14 seguinte, o próprio 'Siciliano' ponderou que a quadrilha tem poucos armamentos e estava com dificuldades financeiras: "Tem isso aí ñ (não) viu, de nossa parte só tem dois ou 3 fura (fuzil) e o restante é 12 (escopeta), macaca (metralhadora) e pistola. Eles aí (da facção carioca) tão bem mais preparado que nós. Os meninos pediram pra nós comprar uma .50 (fuzil) mas nós ñ (não) temos esse dinheiro ñ, a ñ ser se o Bola (alcunha de Felipe Bruno Nunes Pereira) possa patrocinar".

Outra conversa revela que o plano é mais antigo. Em 18 de agosto do ano passado, 'Siciliano' fala para 'Bola': "A outra caminhonete fica pronta amanhã, no máximo terça-feira chega aí... Sim, tá tudo no jeito e o outro pessoal (facção carioca) q (que) vai cm nós (conosco) tá interado tbm... Assim que envelopar o último carro, vou fazer um grupo pra organizar e finalizar o projeto pra nós ir (irmos) pra cima. As ferramentas ta tudo ai né?".

No dia 30 daquele mês, 'Bola' promete: "Ok mano (irmão) eu estou atrás aqui pra arranjar esses calibres. Eu vou dar uma força. Vou tirar do meu bolso mesmo aqui pra mim comprar ouviu.....Pode deixar que eu compro...Do meu bolso".

Apesar da aliança com rivais da disputa pelo tráfico de drogas, a facção local não se sentia segura em colocar o plano em prática, segundo a investigação. No dia 10 de setembro do ano passado, 'Siciliano' precisou replicar aos comparsas uma mensagem de outro líder do grupo criminoso, Francisco Tiago Alves do Nascimento, o 'Tiago Magão'.

"O T mandou isso: 'Fazer por onde fazer uma reunião com os caras do Flamengo (referindo-se à facção carioca), para ambos se sentirem confiantes, pq (porque) essa insegurança só afeta a nós. Se dediquem ao máximo pra fazer essa reunião, acabei de falar com o Fernando bombado e é respeito acima de respeito. Fazer de tudo para ser domingo!'", compartilhou.