PF tenta prender Eike Batista, mas não o acha no RJ
Policiais não encontraram empresário em casa e advogado confirmou que ele está viajando. Eike já é considerado foragido da Justiça.
26 de janeiro de 2017 às 08:45
A Polícia Federal está na casa do empresário Eike Batista, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, para cumprir mandado de prisão preventiva (sem data para terminar) contra ele no âmbito da Operação Eficiência, segunda fase da Calicute, braço da Lava Jato. Os policiais chegaram à casa do empresário por volta das 6h da manhã desta quinta-feira (26). O empresário, no entanto, não está no Brasil.
A reportagem ligou para o celular do advogado de Eike, mas não conseguiu o contato. Neste momento, o empresário é considerado foragido pela Justiça.
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, expediu nove mandados de prisão preventiva, quatro de condução coercitiva (quando as pessoas são obrigadas a acompanharem os policiais para prestarem depoimento) e 22 de busca e apreensão, todos no Rio de Janeiro.
Entre os alvos de mandado de prisão estão o ex-governador fluminense, Sérgio Cabral, seu ex-assessor, Carlos Miranda, e o ex-secretário de governo Wilson Carlos. Os três estão presos desde a Operação Calicute, realizada em 6 de dezembro.Nesta quinta foi preso o advogado Flávio Godinho, ex-braço direito de Eike e vice-presidente do Flamengo. Assim como o empresário, Godinho também é "investigado por corrupção ativa com o uso de contrato fictício", segundo o MPF (Ministério Público Federal). O advogado já tinha sido alvo de condução coercitiva na 34ª fase da Operação Lava Jato, em setembro de 2016.
Eike, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem cometido atos de obstrução da investigação porque, em uma busca e apreensão em endereço vinculado ao empresário em 2015 foram apreendidos extratos que comprovavam a transferência dos valores ilícitos de uma conta no Panamá para a empresa Arcadia Associados. Na transação, teriam sido pagos porEike e Godinho US$ 16,5 milhões em propina para o ex-governador.
"Esse valor foi solicitado por Sérgio Cabral a Eike Batista no ano de 2010 e, para dar aparência de legalidade à operação, foi realizado, em 2011, um contrato de fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Batista, e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na compra e venda de uma mina de ouro", segundo a força-tarefa da Calicute.
O trio teria orientado os donos da Arcadia a manterem perante as autoridades a versão de que o contrato de intermediação seria verdadeiro, informa o MPF, que diz que a Arcadia recebeu os valores ilícitos numa conta no Uruguai em nome de terceiros, mas à disposição de Sérgio Cabral.
"De maneira sofisticada e reiterada, Eike Batista utiliza a simulação de negócios jurídicos para o pagamento e posterior ocultação de valores ilícitos, o que comprova a necessidade da sua prisão para a garantia da ordem pública", dizem, em nota, os procuradores da Calicute.