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Gegê e Paca: Líderes do PCC movimentaram cerca de R$ 10 milhões em dois anos no Ceará

26 de novembro de 2020 às 08:38 - Atualizado em 26/11/2020 08:43

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A Polícia Federal (PF) avançou na investigação sobre a lavagem de dinheiro dos líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', executados em fevereiro de 2018. Conforme as apurações, a dupla movimentou entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões no Ceará, durante dois anos.

A Operação Node, deflagrada pela PF ontem, cumpriu 12 mandados de busca e apreensão em imóveis de 'Gegê', de 'Paca' e de 'laranjas', situados no Ceará, em São Paulo e em Minas Gerais. A Polícia Federal chegou a representar pela prisão de 'laranjas' do esquema criminoso e membros da facção, mas a Justiça Federal no Ceará negou e justificou falta de contemporaneidade dos pedidos aos fatos. Em contrapartida, foram deferidas quebras de sigilo bancário, para analisar a movimentação financeira do grupo criminoso - que pode superar os R$ 10 milhões, após análise.

Conforme as investigações, os líderes do PCC começaram a se estabelecer no Ceará em 2016 e faziam viagens constantes para a Bolívia. A suspeita é que eles continuavam a praticar o tráfico internacional de drogas, nesse período, com contatos no outro país. Entretanto, a PF ainda não encontrou indícios de que os entorpecentes passavam ou eram comercializados em território cearense.

'Gegê do Mangue' residia no condomínio de casas luxuosas Alphaville Fortaleza, no Porto das Dunas, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) - próximo de onde foi assassinado. Já 'Paca' morava em um apartamento também de alto valor, no bairro Cocó, em Fortaleza.

Essas são apenas duas propriedades da dupla no Ceará. Juntam-se a elas casas nos condomínios de luxo Alphaville Eusébio, na Grande Fortaleza, e na Lagoa do Uruaú, em Beberibe. Os quatro endereços já haviam sido antecipados pelo Diário do Nordeste no início da investigação, em 2018, logo após os assassinatos. Os outros mandados de busca e apreensão destinados ao Ceará foram cumpridos nos bairros Varjota e Mondubim, em Fortaleza; e nos municípios de Pacatuba e Mombaça.

O chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), delegado Samuel Elânio, reconhece que os endereços já eram conhecidos, "mas, detalhadamente, o que havia nesses imóveis, isso não tinha sido feito ainda a apuração. O objetivo (da Operação) foi fazer o levantamento patrimonial e ver se tinham pessoas morando, para responsabilizá-las por alguma deterioração, destinação indevida. Como também arrecadar informações, documentos e mídias que pudessem trazer mais detalhes sobre essa movimentação financeira".

Alvos

Um dos pedidos de prisão da PF foi contra um suposto 'laranja' do esquema criminoso, que ainda figura como fiel depositário do imóvel localizado na Lagoa do Uruaú, desde novembro do ano passado, por decisão da 32ª Vara da Justiça Federal no Ceará, para não depreciar o bem. Trata-se de Francisco Cavalcante Cidrão Filho, que também teve o irmão, a esposa e a nora investigados pela ligação com 'Gegê do Mangue' e 'Paca'.

A Polícia Federal informou que o procurou, ontem, para intimá-lo para prestar depoimento, mas não o localizou. Sem acesso aos autos até a tarde de ontem, a defesa de Cavalcante e dos familiares, representada pelo advogado Kaio Castro, rebateu que "durante esses dois anos e meio de investigações, eles não foram sequer intimados a prestar esclarecimentos na Delegacia. Já é a segunda busca e apreensão que sofrem pelo mesmo motivo. Aguardamos acesso ao procedimento para futuras manifestações".

Outro alvo de mandado de busca e apreensão foi uma residência do advogado mineiro Emerson Pinheiro de Carvalho, localizada em Uberlândia, Minas Gerais. Os investigadores suspeitam que ele tenha sido utilizado como 'laranja' na compra do mesmo imóvel na Lagoa do Uruaú, já que ele aparecia como proprietário.

A PF ainda cumpriu mandados em residências ligadas a Carlenilto Pereira Maltas, em Mombaça, no Ceará, e no Município de Araçariguama, Interior de São Paulo. Ele é um dos cinco presos e um dos dez acusados pelo duplo homicídio. As defesas dos dois últimos alvos não foram localizadas pela reportagem.

As apurações policiais apontam que os dois líderes do PCC foram executados em uma emboscada feita por integrantes da própria facção, em uma terra indígena em Aquiraz, com uso até de um helicóptero. O motivo seria o desvio de dinheiro da organização para levar uma vida de luxo.