TVJ1.com.br

Policial



PUBLICIDADE

{}

Dois oficiais e 43 praças serão denunciados pelo MPCE por chacina

Suposto pivô de chacina já está preso. Justiça decidirá sobre pedido de prisão de mais 44 denunciados pela execução de 11 pessoas em novembro do ano passado. Oficiais poderiam e deveriam ter evitado mortes, diz CGD

13 de junho de 2016 às 08:08

undefined

Dois oficiais e 43 praças (sargentos, cabos e soldados) da Polícia Militar serão denunciados nos próximos dias como autores da Chacina da Grande Messejana pelo Ministério Público do Ceará (MPCE). A primeira parte do trabalho de uma comissão de promotores de Justiça da Primeira 1ª Vara do Júri e do Grupo de Atuação de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) culminará com o pedido de prisão de 45 militares, responsabilizados pela matança de 11 pessoas nas comunidades do Curió e Alagadiço Novo, há sete meses — completados ontem.

Um dos policiais, o soldado Marcílio Costa de Andrade já se encontra preso no presídio militar da PM. Segundo as investigações da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança (CGD), Marcílio seria o pivô de pelo menos uma das versões para a chacina ocorrida na madrugada do dia 12 de novembro do ano passado.

Soldado Marcílio

Semanas antes da matança de nove adolescentes e dois adultos, o soldado Marcílio teria se envolvido num homicídio e na tentativa de outro, no Curió. Os dois crimes, em 25 de outubro de 2015, teriam sido o estopim para uma escalada de revanches e acerto de contas que culminou com a Chacina de Messejana. 

O soldado Marcílio, preso administrativamente desde o último dia 29 de fevereiro por determinação da Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da CGD, foi apontado nas investigações como autor do assassinato do adolescente Francisco de Assis Moura de Oliveira, 16, o Neném, e de ter dado um tiro no adulto Raimundo Cleiton Pereira da Silva.

De acordo com as provas colhidas por investigadores da DAI, os dois crimes aconteceram após a irmã do soldado Marcílio ter discutido com Cleiton por motivos banais. Após o bate-boca, o PM se vestiu com as dores da irmã e foi tomar satisfação com Cleiton. Bêbado e armado, ao tentar matar Cleiton, o soldado acabou assassinando o adolescente Neném.

Segundo O POVO apurou, o militar teria passado a receber ameaças de traficantes da área e de familiares do garoto que juraram vingar a 
morte de Neném. No dia 30 de outubro do ano passado, outro assassinato. Desta vez, a vítima foi o pai de Neném. 

As ameaçaas contra o soldado teriam gerado pelo menos uma incursão de homens armados e com bala-clavas (capuzes) no Curió. A invasão, supostamente de PMs, foi narrada por um morador da rua invadida, segundo a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). A família de Marcílio teria sido expulsa do território de conflito. Ele responde a processo administrativo instaurado pela CGD que pode culminar com a expulsão dele da PM.

A relação com a chacina

Depois dos episódios envolvendo o soldado Marcílio, Cleiton e Neném, e “incendiados” pelo assassinato do PM Valterberg Chaves Serpa na Lagoa Redonda na noite do dia 11 de novembro, outros policiais militares se juntaram, invadiram a favela e executaram covardemente quem estava pelas ruas ou teria alguma ligação com a rixa de Marcílio e seus desafetos.

Na época da prisão do soldado, a CGD negou que a captura tivesse ligações com a chacina. Para não atrapalhar a investigação. A irmã do militar também foi presa quando tentava esconder a arma do irmão, segundo a CGD.

O Povo