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Bandidos clonam celulares de prefeitos para desviar dinheiro público

04 de dezembro de 2018 às 08:36

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Pelo menos cinco prefeitos do Ceará tiveram os números dos telefones celulares clonados por bandidos que atuam no interior do Estado. O POVO teve acesso ao Boletim de Ocorrência (BO) do caso registrado em Camocim, localizado no litoral norte cearense. Depois de perceber a fraude, a Procuradoria do município teria conseguido bloquear o repasse de R$ 552 mil do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Além do telefone da prefeita de Camocim, Mônica Aguiar, os celulares dos prefeitos Osvaldo Neto (Reriutaba), Isis Martins (Hidrolândia), Zé Ailton (Crato) e Renê Vasconcelos (Ubajara) também foram clonados, segundo fontes da Polícia Civil e perfis dos gestores nas redes sociais. Os fraudadores, de acordo com depoimentos, entravam em contato com amigos e secretários municipais, se passando por prefeitos e prefeitas, para que fossem efetuados pagamentos às empresas que teriam executado supostos serviços para o município.

Algumas pessoas desconfiaram das mensagens. Outras, como foi o caso registrado em Camocim, caíram no golpe do WhatsApp e fizeram transferências diretas da verba do (Fundeb) para contas particulares. O dinheiro federal é exclusivo para educação. O valor repassado indevidamente chegou a somar R$ 552.500,00. Segundo o Portal da Transparência, em 2018, Camocim recebeu R$ 26,2 milhões da União para aplicar nas despesas admitidas para o Fundo.

O caso aconteceu na última sexta-feira, dia 30, no início da tarde. Uma pessoa, se passando pela prefeita, entrou em contato com Felipe Araújo Veras, que é presidente da Comissão de Programação Financeira da cidade. 

Acreditando estar trocando mensagens com Mônica Aguiar, o tesoureiro das contas de Camocim "passou a conversar normalmente atendendo aos seus direcionamentos". Essa história está narrada num boletim de ocorrência (BO), registrado na manhã seguinte, sábado, 1º de dezembro, na delegacia da cidade. 

Via WhatsApp, uma pessoa deu orientações para que o servidor fizesse "transferências diversas para várias contas" a partir da verba do Fundeb. A primeira quantia repassada teria sido de R$ 100 mil, dirigida para uma conta inscrita no Banco Inter (com sede em Minas Gerais). O repasse não precisou de nenhuma outra chave de bloqueio ou confirmação eletrônica, foi transferido automaticamente.

O tesoureiro disse, no BO, ter estranhado a ordem, "sem nenhum tipo de documento como notas" ou processo de licitação" e teria respondido que "não haveria margem para tal" (operação). Ele contou na delegacia que chegou a ligar para o próprio número da prefeita, que teria retornado com a mensagem de desligado ou fora de área. Ainda assim, teria voltado à conversa via WhatsApp.

A mesma conta do banco Inter recebeu mais duas transferências, de R$ 45 mil e de R$ 300 mil, respectivamente. O fraudador indicou mais duas contas e novos valores. Para uma conta no Banco do Nordeste, pediu que fossem repassados R$ 90 mil. E para a Caixa Econômica, orientou a transferência de R$ 17.500.

Já perto do fim da tarde da sexta-feira, por volta das 17 horas, a chefe de gabinete da prefeita, Ana Elizabeth Rodrigues ("Betinha") ligou para o tesoureiro avisando que a prefeita tentava falar com ele. Seria para alertá-lo de que o celular dela teria sido clonado. Só aí Felipe Veras teria confirmado o golpe.

No Boletim de Ocorrência, consta que o Banco do Brasil, que atende a conta da prefeitura de Camocim, recebeu ofício (nº 1130001/2018) com relato da fraude e pedindo o bloqueio das transações - contas e bancos de destino. O BO é assinado pela delegada Alana Pinheiro Portela. (Colaborou Demitri Túlio)


O Povo