Alianças de facções fortalecem o crime organizado em Fortaleza
Acordos de paz entre gangues rivais podem gerar a consolidação de associações criminosas em Fortaleza e na Região Metropolitana
28 de janeiro de 2016 às 08:51
Em motocicletas, gritando e soltando fogos, o grupo de aproximadamente 30 homens circulou por ruas do Parque Dom Pedro e do Barrocão, localidades do bairro Jabuti, em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Percorreram também o vizinho bairro Pedras, já na Capital. Comemoravam “acordo de paz”, entre facções outrora rivais firmado no último dia 21. Situação semelhante aconteceu segunda-feira, 25, entre comunidades da Aldeota.
Pactos como esses, antes considerados casos isolados, se tornaram cada vez mais recorrentes no Ceará. Há registro de casos semelhantes em comunidades da Capital como Castelo Encantado, Panamericano, Vila Velha, Conjunto Palmeiras, Meireles, Papicu, Lagoa Redonda e Sapiranga.
Na avaliação de especialistas, essa situação pode contribuir para a consolidação do crime organizado no Estado. “Quanto mais o crime organizado se estrutura, mais difícil será combatê-lo. Se ele alcançar a capacidade de estabelecer uma relação empresarial, com a distribuição de cargos, será ainda mais difícil desmantelar esse tipo de atividade”, analisa o cientista político Emmanuel Nunes Oliveira, membro do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas (Nupps) da Universidade de São Paulo (USP).
As alianças registradas até agora seguem o padrão de “pacificação” adotado por grandes facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Nunes recomenda que o Ceará intervenha o quanto antes no estabelecimento dessas organizações, através da ocupação territorial e da quebra das cadeias de comando. “O Estado não pode permitir que essas organizações o suplantem nas comunidades”.
Segurança
Secretário-adjunto da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o coronel Lauro Prado afirma que todas as formas de “união entre criminosos” preocupam e a secretaria está atenta a essas situações. Ele nega, entretanto, que a pasta tenha provas concretas dessas alianças. “O que temos visto, na verdade, é que está havendo uma intervenção da Polícia nessas áreas antes dominadas pelo tráfico. E algumas ações, como a identificação e prisão de bandidos, estão surtindo efeito”, diz.
O Povo
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