No Chile, papa diz ter 'vergonha' por casos de abuso sexual e pede perdão
16 de janeiro de 2018 às 10:52
Em sua primeira fala após chegar no Chile, o papa Francisco pediu desculpas pelos casos de abuso sexual cometidos por padres no país.
"Não posso deixar de manifestar minha dor e vergonha frente ao irreparável dano causado às crianças por parte de ministros da Igreja", afirmou o pontífice em discurso feito nesta terça-feira (16) ao lado da presidente chilena Michelle Bachelet e outras autoridades.
"Eu estou com meus irmãos bispos para pedir perdão e fazer todos os esforços para apoiar as vítimas, enquanto nos comprometemos a garantir que isto nunca volte a acontecer", disse ele no palácio presidencial.
O escândalo de abuso sexual no Chile derrubou a popularidade da Igreja Católica no país e se tornou o principal assunto da visita do papa.
Atualmente, apenas 45% dos chilenos se declaram católicos, uma queda de 20 pontos percentuais em relação a 2010. No país, ele tem ainda sua pior avaliação em toda a América Latina, com nota de 5,3, contra uma média de 6,8 na região, segundo pesquisa do Latinobarómetro.
O escândalo de abuso sexual no Chile começou com as denúncias contra o padre Fernando Karadima, 87, em 2010 e a falta de uma resposta rápida do Vaticano.
Só um ano depois do início das acusações, o padre foi condenado por ter abusado de 75 menores e afastado da Igreja.
Os chilenos, porém, reclamaram da falta de punições às autoridades religiosas que acobertaram o caso. A principal crítica é em relação ao bispo Juan Barros, indicado em 2015 por Francisco para comandar diocese de Osorno, no interior do país e acusado de ter ter protegido Karadima, seu antigo mentor.
O padre nega as acusações e o bispo diz que não sabia das ações de Karadima.
O clima de desconfiança em relação ao pontífice chegou ao ápice na sexta (12), quando quatro igrejas foram atacadas no país, o que fez o governo ir a público para garantir a segurança do papa.
Francisco chegou a Santiago na noite de segunda (15), na primeira visita de um pontífice ao país em três décadas. Depois, ele irá ainda para o Peru antes de retornar para o Vaticano.
Folha de São Paulo