Estudantes cearenses vão representar o Brasil em disputa científica mundial, nos EUA
23 de abril de 2019 às 08:09
A utilização de agrotóxicos para o controle de pragas é um tema pertinente que fomenta o debate entre pessoas que os consideram um veneno e outros que os julgam como a salvação de uma lavoura. Um fato a ser admitido é que os pesticidas, quando entram em contato com a água, causam graves problemas ambientais e, consequentemente, à saúde de todos que a ingerem.
Em uma pesquisa de campo realizada na Chapada do Apodi, dois estudantes de Iracema, município situado na região do Jaguaribe, perguntaram aos moradores quais doenças que ocorrem pela contaminação de agrotóxicos são registradas com maior frequência por lá, além de câncer. Depressão a longo prazo, Parkinson e Alzheimer foram as mais relatadas pelos entrevistados.
Para realizar a coleta de amostras, 20 poços da região foram selecionados. Após a realização de um teste, foram apontados 16 tipos de pesticidas nas amostras de água. A partir de pesquisas, os estudantes criaram uma nova técnica, usando a bioinformática, em que é possível fazer a interação de múltiplas proteínas com múltiplas substâncias por meio de softwares em computadores, acelerando um para minutos um processo que duraria uma década.
Reconhecimento
Com os resultados, os adolescentes, orientados pela professora Sebastiana Vicente e coorientados pelo ex-aluno Helyson Lucas Bezerra Braz, foram premiados na primeira colocação das categorias de Melhor Projeto do Ceará, Bioquímica e Biologia Molecular e Área de Ciências Biológicas da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) 2019.
Também foram concedidas credenciais para a Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel (Intel Isef), considerada a competição internacional mais relevante de ciências para pré-universitários do mundo.
"Foi impactante, por conta dos resultados da pesquisa. A gente não sabia que ia conseguir o que de fato conseguimos", declara Yanne Lara. Depois de participar do projeto, a adolescente afirma ter descoberto também o desejo de seguir na área da saúde, com especialização em biotecnologia.
Para ela, um dos pontos mais importantes é que os resultados retornem para a Chapada do Apodi, sendo divulgados para a população que, mesmo sem saber, pode estar sujeita à contaminação e doenças.
Para o diretor da escola, Marcos Lima, esse tipo de reconhecimento valoriza o ensino público. "A gente mostra que não só os alunos das escolas particulares conseguem alcançar esse nível de excelência e que a escola pública também é uma possibilidade com oportunidades", pontua.
Com todas as despesas pagas pela Febrace, os estudantes devem embarcar no próximo dia 10 de maio para o Arizona, nos Estados Unidos, onde vai acontecer a Intel Isef 2019. Com os custos pagos pelo Governo do Estado, de acordo com o estudante Guilherme Oliveira Matias, a professora orientadora acompanhará os alunos na viagem.