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Aluno do Ceará nota mil na redação do Enem é tricampeão em matemática

Estudante de escola estadual, jovem de 17 anos sonha em cursar medicina. Helário Neto venceu três olimpíadas de matemática.

19 de janeiro de 2017 às 15:47

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Entre os 77 candidatos que tiraram nota 'mil' na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016, um vem de Pedra Branca, a 261 quilômetros de Fortaleza. Com apenas 17 anos, aluno de uma escola estadual, Helário Neto segue em busca de uma vaga no curso de medicina. Tricampeão na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, mesmo com a dedicação ao longo do ensino médio, ele conta que se surpreendeu com o resultado. Na prova "Matemática e suas tecnologias", ele fez 771,3 pontos.

"Superou total minhas expectativas. Não esperava um resultado significativo assim. Não tava conseguindo abrir o site, e dois amigos conseguiram. Então mandei meu CPF e eles me mandaram a foto. Foi só alegria", lembra o jovem. O resultado foi compartilhado pelo governador do estado, Camilo Santana, em uma rede social.

Filho único de pais separados, ele conta que o maior incentivo sempre partiu da mãe, a comerciante Elane Macêdo, com quem o jovem mora. "Ela sempre foi o meu pai e minha mãe. É minha grande inspiração", conta, emocionado. A mãe, que tem uma loja na cidade e também trabalha como auxiliar de enfermagem em um hospital local. O pai é caminhoneiro e também mora na cidade.

Depois de estudar no ensino fundamental em uma escola particular da cidade, os estudos do ensino médio foram na Escola Estadual de Educação Profissional Antônio Rodrigues de Oliveira, onde ele também concluiu o curso técnico em informática. A rotina incluiu aulas regulares no colégio, de 7h às 16h40, e também cursos extras, por conta própria.

Redação


A preparação, portanto, ia além da sala de aula. "Em casa, me dedicava muito à leitura, lia dicas, tinha muito apreço pela produção textual. Sempre procurava melhorar minha escrita. Fiz um curso online pago de redação, que corrigia textos. Também estudei filosofia e sociologia, porque é cobrado intertextualidade", conta. Além disso, participou de um curso presencial para o Enem, com aulas duas vezes na semana.

Helário realizou o Enem em 2014 e 2015 como treineiro. "Primeiro, não conhecia a prova, ia fazer por experiência. Em 2015, direcionei. E em 2016 foi o auge, trabalhei também questão de tempo, nervosismo, ansiedade, fui tentando trabalhar cada ponto".

Na primeira vez em que realizou a prova, a redação teve nota 720. Na edição seguinte, conseguiu 880. "Vi que era possível tirar mil. A redação sobre intolerância religiosa, eu gostei, apesar de não ter lido especificamente sobre o assunto antes. Fui pego de surpresa. Mas ao longo de 2016, fiz em média 30 redações. Ganhei muita bagagem de conhecimento", orienta.

Estudos na escola pública


As disciplinas preferidas, ele aponta, são redação, português e matemática. "A gente lê que escola pública é defasada, mas, em termos de estrutura, a minha é maravilhosa. Sei de escolas que alunos só descobrem o Enem no terceiro ano. Mas desde o começo trabalhavam aptidões e habilidades. Me senti motivado, principalmente com professores", destaca.

E é da matemática o professor que ele lembra como o mais marcante. "O Carlos Henrique acompanhou a turma desde o primeiro ano (do ensino médio). Sempre foi aquele que motivava a gente, deixava a vida mais leve. Isso proporcionou que nós tivéssemos uma visão sobre o nosso futuro".

"Por ser de escola pública, já me senti em desvantagem, porque a gente fica querendo comparar com a particular. Às vezes a diferença é enorme. Fui crescendo e vi que não ia deixar essas dificuldades atrapalharem. Confiei na minha capacidade", afirma.

Sonho em medicina


O interesse pela medicina vem desde o começo do ensino médio. "Mas ouvia que era muito difícil passar. Nesse ano, fiz uma pequena cirurgia, e entrei num centro cirúrgico pela primeira vez e aquilo me encantou. Foi quando eu fui buscar mais informações e optei pela área médica. Tenho vontade na parte cirúrgica", prospecta.

Helário agora aguarda as inscrições para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), quando vai tentar uma vaga, preferencialmente, na Universidade Federal do Ceará (UFC). "É um um grande sonho, e morar no Ceará é melhor pra minha mãe. Ela é uma pessoa muito batalhadora, trabalhadora, sempre quis que eu estudasse pra ser alguém na vida, tivesse uma vida melhor do que a dela. Ela é o maior exemplo que eu tenho a levar".

G1