Desemprego fica em 8,1% no trimestre até maio, diz IBGE
A taxa é a maior da série histórica, que começou em 2012. Houve procura intensa de trabalho, sem geração proporcional de vaga.
10 de julho de 2015 às 08:27
A taxa de desemprego subiu nos últimos três meses até maio deste ano e chegou a 8,1%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a maior da série histórica, que começou em 2012, segundo o IBGE.
No mesmo trimestre do ano anterior, o índice ficou em 7%, já no trimestre encerrado em fevereiro, a taxa foi de 7,4%.
“O contingente de desocupados em um ano subiu 18,4%, isso é recorde em toda a série da pesquisa. A taxa de 8,1% também é uma taxa recorde”, afirma Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
“A taxa de desocupação aumentou por uma procura intensa de trabalho, sem geração proporcional de vaga. Você tem pressão em cima do mercado, as pessoas estão buscando trabalho e elas não estão conseguindo”, explica.
Havia 8,2 milhões de pessoas de 14 anos ou mais desocupadas no país, na semana em que foi feita a pesquisa, informou o IBGE. "Esta estimativa era de 7,4 milhões no trimestre terminado em fevereiro, apontando aumento de 756 mil pessoas, ou seja, 10,2% que não estavam ocupadas e procuraram trabalho", analisou o IBGE.
Em um ano, o contingente de desocupados cresceu 1,3 milhão, ou seja, 18,4%, informou o instituto.
“Foi a maior variação [aumento de 18,4% da desocupação no ano] da série [iniciada no primeiro trimestre de 2012] para este período de comparação”, informou o IBGE.
Segundo Cimar Azeredo, o aumento de 10,2% da desocupação, em comparação ao trimestre terminado em fevereiro, também foi o aumento mais intenso do que o observado em anos anteriores para o período analisado.
“Não houve queda da ocupação, mas ela subiu proporcionalmente menos do que subiu a desocupação, o que fez com a taxa se elevasse”, explicou Cimar Azeredo.
Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que substitui a tradicional Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). São investigados 3.464 municípios e aproximadamente 210 mil domicílios em um trimestre, informou o IBGE.
Por atividade
Por grupamento de atividade, Cimar Azeredo ressaltou que duas atividades merecem destaque na alta do desemprego: agricultura e construção.
“Principalmente construção, que continuou reduzindo nesse vetor mais curto. Na comparação trimestral, reduziu 404 mil pessoas. Na comparação anual, menos 636 mil trabalhadores. A construção representava 8,6% [da população ocupada] e passou a representar 7,9%”. Na comparação anual, a agricultura teve queda de 2,3%, ou 223 mil pessoas a menos.
Ocupação
O nível de ocupação das pessoas com 14 anos ou mais, na semana da pesquisa, foi estimado em 56,2%, uma retração de 0,2% em comparação com o trimestre de dezembro a fevereiro de 2015. Em um ano, a queda foi de 0,6%. O número de pessoas ocupadas foi estimado em 92,1 milhões, e “foi considerado estável em ambos os trimestres em análise”. Contudo, na comparação anual, o IBGE ressaltou que “foi a menor geração de postos de trabalho da série”.
“Essa queda de 0,6% [diferença entre nível de ocupação de 56,8% em 2014 e 56,2% em 2015] é importante. Mostra evolução da população ocupada inferior ao crescimento da população em idade de trabalhar”, diz Azeredo.
“A população está crescendo, mas a quantidade de emprego que está sendo gerado não está crescendo na mesma proporção, consequentemente, o nível de ocupação vai cair”, explica o coordenador.
População fora da força de trabalho
A população fora da força de trabalho foi estimada em 63,7 milhões, “se mantendo estável na comparação com o trimestre de dezembro a fevereiro de 2015”. Em um ano, esse percentual variou 1,4%.
“Em momento onde você vê esse cenário de redução ou crescimento menor da população não economicamente ativa, ou você vê uma taxa de desocupação maior, rendimento não crescendo, a tendência é as pessoas buscarem o mercado de trabalho até para poder atingir a estabilidade”.
Rendimento
O rendimento médio real habitualmente recebido por mês em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas foi estimado em R$ 1.863, mostrando estabilidade em ambos os trimestres de comparação. “Estável, mas observe que o movimento foi menor ao observado no trimestre anterior de comparação”, apontou o IBGE.
Ainda segundo Cimar, desacelerou o crescimento do rendimento “quando se observa a variação anual registrada de 2013 para 2014, para o período em análise [2014 para 2015]”.
Em comparação com o mesmo trimestre de 2014 (R$ 1.870), o rendimento foi 0,4% menor. Em relação ao trimestre encerrado em fevereiro (R$ 1.877), foi 0,7% inferior.
Por posição na ocupação, frente ao trimestre de dezembro a fevereiro de 2015, os empregados no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) apresentaram recuo de 2,2% em seus rendimentos reais, bem como os trabalhadores por conta própria (-3,5%). Frente ao trimestre de março a maio de 2014, apenas os trabalhadores por conta própria sofreram perdas reais em seus rendimentos (-3,5%).
Fonte: G1
G1