FAB divulga relatório sobre acidente de Eduardo Campos
Queda de avião vitimou ex-governador de Pernambuco e outras 7 pessoas. Em 2015, relatório apontou que tripulação fez trajeto diferente do previsto.
19 de janeiro de 2016 às 16:02 - Atualizado em 19/01/2016 16:09
Oficiais
do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da
Força Aérea Brasileira (FAB) divulgaram nesta terça-feira (18) o relatório
final da investigação do acidente aéreo que vitimou sete pessoas,entre elas o ex-governardo de Pernambuco e candidato à presidência da
República Eduardo Campos, em agosto de 2014.
A queda da
aeronave matou, além de Campos, os pilotos Marcos Martins e o copiloto Geraldo
Magela, os fotógrafos Alexandre Severo e Macelo Lyra, o jornalista Carlos
Percol e o assessor Pedro Valadares.
A apresentação
do relatório teve início às 16h28. A previsão é de que a explicação do material
tenha duração de pelo menos uma hora. O documento é apresentado
pelo tenente-coronel Raul de Souza, responsável pela investigação do
acidente.
Também
participam da entrevista o brigadeiro Dilton José Schuck, chefe do
Cenipa, e o coronel Marcelo Marques de Azevedo, vice-chefe do Cenipa, além
de outros representantes da comissão de investigação.
Logo no início
da apresentação, o chefe do Cenipa, brigadeiro Dilton José Schuck, afirmou que
a função dos técnicos que investigaram o acidente era identificar os fatores
que contribuíram ou que podem ter contribuído para a queda do avião, e não
atribuir culpa a ninguém.
"Não é
finalidade nossa identificar aqui culpa ou responsabilidades de quaisquer
pessoas ou instituições. Nosso trabalho é voltado para prevenção",
esclareceu.
A comissão de
investigação foi composta por 18 especialistas das áreas operacional (pilotos,
meteorologista e especialista em tráfego aéreo, por exemplo), humana (médico e
psicólogo) e material (engenheiros aeronáutico, mecânico e de materiais).
Trajeto
No ano passado, durante apresentação de um relatório preliminar, em Brasília,
os oficiais já haviam afirmado que os pilotos realizaram um trajeto diferente do oficialmente previsto para realizar o
pouso, não tendo seguido a carta oficial que determina o procedimento a ser
adotado em cada aeroporto.
Tanto na descida
inicial para a pista da Base Aérea de Santos, quanto na arremetida (quando o
avião sobe de volta no momento em que não consegue aterrissar na primeira vez),
os radares captaram um percurso diferente do recomendado no mapa. Durante esse
trajeto, a tripulação também não informou precisamente os locais por onde
passava nos momentos em que isso é exigido.
À época, os
responsáveis pela análise disseram que não era possível concluir se esse fator
havia contribuído para o acidente nem se houve erro dos pilotos. Nesta terça,
porém, o relatório divulgado lista o fato como um dos fatores que contribuiu para
a queda do avião.
Famílias
Às 13h desta terça, oficiais do Cenipa se reuniram com familiares dos
passageiros e dos tripulantes da aeronave, mortos no acidente. A reunião foi
fechada e o acesso da imprensa aos familiares foi vetado pelo órgão. Participaram
da apresentação preliminar 12 familiares das vítimas, de acordo com o Cenipa.
Não havia representantes do assessor Pedro Valadares Neto e do copiloto Geraldo
Magela.
Habilitação
Já se sabia também, de acordo com os documentos da tripulação, que tanto o
piloto, Marcos Martins, quanto o copiloto, Geraldo Magela Barbosa, tinham
habilitação para voar em modelos anteriores (Cessna C560 Encore ou C560
Encore+), e não no modelo utilizado pela campanha de Eduardo Campos x (um Cessna C560XLS+), mais moderno.
Para chegar à
habilitação do modelo utilizado, o piloto deveria passar por um novo
treinamento e o copiloto, por um curso completo sobre a nova aeronave. A
distinção entre as habilitações para as diferentes aeronaves, no entanto, foi
definida pela Anac pouco mais de um mês antes do acidente, no dia 3 de julho de
2014.
A Anac havia informado, porém, que piloto e copiloto tinham habilitação válida para “operar todas as aeronaves desta família para as quais eles estivessem treinados”, o que incluiria os três modelos do Cessna. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, somente no momento da renovação da habilitação, eles teriam que comprovar ter realizado um treinamento adicional para poderem continuar voando no modelo XLS+.
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