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Taxista cansa de esperar pela prefeitura e tapa buraco em avenida de Fortaleza

18 de maio de 2017 às 09:19

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Taxista há 17 anos, Mauro Souza, 57, é do tipo que não espera pelos outros. Enquanto alguns reclamam da falta de cuidado com a cidade, ele sai por aí plantando árvores, recolhendo lixo e tapando buracos. Sim, até buraco ele resolve.

No último dia 12 de maio, o taxista foi flagrado cobrindo com concreto um buraco na Avenida Antônio Sales, esquina com Barão de Aracati, em Fortaleza, por onde passa todos os dias.

Algumas pessoas, surpresas, apareceram para ajudar e prestigiar o trabalho. “A senhora de uma lanchonete veio com um cone e colocou lá para os carros desviarem”, conta Mauro.

A senhora era Tânia Brasil. Ela e o marido Leopoldo Kaswiner, donos de um estabelecimento na avenida, admiraram a atitude.  “Achei a atitude muito favorável, até para ele. Precisamos fazer por nós e pelos outros. Já vi muito acidente por aqui”, afirma Tânia.

“Vários carros já tinham furado o pneu. Teve o caso de um motociclista que se acidentou. Infelizmente, o poder público só investe em sistemas de multa. A gente tem um sistema moderníssimo e, ao mesmo tempo, uma cidade esburacada”, lamenta Leopoldo.

O taxista acrescenta, no entanto, que alguns motoristas reclamaram que a atitude atrapalhava o trânsito, mas ele deu ouvidos mesmo para quem o chamou de cidadão. “Eu gosto quando me parabenizam pelo trabalho”.

Mas não é só para ouvir elogios que Mauro trabalha. A preocupação está em exercer sua cidadania, e não foi a primeira vez que colocou a mão na massa. “Eu acho que, ao invés de criticar, a gente precisa ajudar, dar uma de cidadão, a cidade é nossa. Eu vejo a dificuldade, todo mundo desviando do buraco. Aí eu resolvi tampar”, afirma. O buraco, segundo ele, já estava lá há mais de 6 meses. “Administrar uma casa é muito difícil, imagina uma cidade, então a colaboração deve ser de todos”.

Ele explica que pega ferramentas do condomínio onde mora, e os materiais são resíduos de construtoras. “Sobra pedra, tijolo, cerâmica, cimento. Quando me aposentar, vou construir um prédio só com esses lixos das construtoras”.

O conhecimento para realizar o trabalho vem de geração, assim como a consciência. Engajado em manter a cidade em bom funcionamento, Mauro mantém um blog, onde faz reflexões sobre questões de política, ética e cidadania. “A gente tem que fazer a nossa parte e temos que passar para os filhos e para os netos”, enfatiza.

Tribuna do Ceará