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PMs dispararam tiros que mataram seis reféns em Milagres e tentaram apagar imagens de câmeras, diz laudo

14 de março de 2019 às 08:12 - Atualizado em 14/03/2019 08:13

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Partiram de fuzis os tiros que mataram os reféns durante operação policial em uma tentativa de roubo a dois bancos no município de Milagres, no Ceará. A informação, obtida com exclusividade pelo G1, consta em laudo de balística concluído pela Perícia Forense. O documento revela também que os tiros que mataram 14 pessoas, incluindo seis reféns, foram disparados por policiais. Os militares tentaram ainda apagar vestígios da ação, como vídeos de câmeras de segurança no local.
 
O levantamento das apreensões de armas dos envolvidos na tentativa de assalto aos bancos não registra fuzis, mas outras armas de menor poder ofensivo. Em depoimento, reféns sobreviventes já haviam afirmado que os tiros partiram dos policiais e que não houve tempo de reação por parte dos assaltantes.
 
Na madrugada de 7 de dezembro de 2018, criminosos armados fizeram nove pessoas reféns durante uma tentativa de assalto a dois bancos na cidade de Milagres. Os policiais militares haviam sido informados sobre o planejamento do crime e preparam uma emboscada; após a chegada dos criminosos houve um tiroteio, e 14 pessoas morreram, sendo oito criminosos e seis reféns. Três reféns sobreviveram à tragédia e quatro suspeitos foram presos.

Membros de duas famílias que haviam saído do aeroporto de Juazeiro do Norte indo para Brejo Santo (CE) e Serra Talhada (PE) foram feitos reféns pelos assaltantes, na madrugada de sete de dezembro. Morreram Claudineide, Cícero Tenório, João Batista, Gustavo e Vinicius, todos da família pernambucana. Do Ceará morreu Edneide Rodrigue.

Sobreviveram a mãe, Maria Lurilda, o pai Fernandes Laurentino e o irmão Genário Laurentino. São eles as principais testemunhas oculares da operação. Todos afirmam, em depoimento, que partiram da Polícia os tiros que acertaram os demais reféns e os assaltantes.

Autoria dos disparos

Participaram da operação 12 policiais, incluindo dois snipers (atirados de elite), do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Secretaria de Segurança Pública do Ceará. Cada um deles portava fuzil, além de armas como pistolas. Eles eram comandados pelo major Antônio Gonçalves Cavalcante. Em depoimento, o major afirmou que os assaltantes iniciaram o tiroteio e haviam matado os reféns antes da troca de tiro. A tese do militar contradiz a dos reféns sobreviventes.

Ainda conforme o laudo, após o tiroteio, os próprios policiais recolheram a munição disparada e outros vestígios da ação. Os militares também tentaram apagar as imagens das câmeras de segurança de estabelecimentos no entorno.

Os 12 policiais foram afastados do cargo três dias após o crime. Em janeiro deste ano, oito deles retornaram às atividades.


G1/CE