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Obras abandonadas do Minha Casa Minha Vida criam “bairro fantasma” em Fortaleza

10 de março de 2019 às 09:41

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Fortaleza tem, atualmente, um déficit de 90 mil moradias, conforme a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Habitacional (Habitafor). Enquanto isso, 3.296 unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida estão com obras abandonadas, em um espaço ocupado, hoje, por mato, entulho e lixo, criando um verdadeiro "bairro fantasma" dentro de Fortaleza.

Segundo a Caixa Econômica Federal, responsável pela gestão do contrato de construção, os prédios correspondem aos módulos III, IV e V do Residencial Cidade Jardim, no Bairro Conjunto José Walter. O complexo é composto por 880 apartamentos, em 55 blocos, e teria capacidade para beneficiar cerca de 3.500 moradores, de acordo com a Secretaria das Cidades. As torres de quatro andares até foram erguidas, tubulações de água também podem ser vistas, mas o cenário é de abandono e desperdício de recursos.

“Quando eu venho da igreja, às 21h, morro de medo. É um perigo, porque os criminosos roubam o pessoal e vêm se esconder aí. Fazem de tudo aí dentro”, relatou a aposentada Maria José de Almeida, 75, moradora do bairro há 15 anos. Ela assistiu ao início da construção dos prédios – ainda em 2012.

Além das ameaças à segurança pública, moradores reclamam de transtornos à saúde. “O maior problema disso aí está ligado à saúde da população, ao risco de doenças. Se tirar esse matagal, tem muito lixo e água acumulada. Os casos de calazar, gripe e dengue só aumentam, aqui”, reclama o representante comercial Carlos Freitas, 60.

Em nota, a Caixa informou que o “edital para a escolha de nova construtora está em andamento”, e a previsão é de que o processo de contratação termine ainda no primeiro semestre de 2019.

Inacabadas

Em todo o Ceará, 7.065 imóveis do Minha Casa Minha Vida estão inacabados, alguns desde 2012. De acordo com a Secretaria das Cidades, 12 empreendimentos com participação do Governo do Estado estão com conclusão pendente. Do total de imóveis, 6.653 são erguidos em Fortaleza e 412 em municípios do interior. Ainda segundo a Pasta, cerca de 28 mil pessoas devem ser beneficiadas quando as obras forem finalizadas.

As construções começaram entre 2012 e 2018, de modo que a implantação de parte delas já se arrasta por aproximadamente sete anos. Outros três residenciais cujas obras ainda estão inconclusas ou sequer foram iniciadas são o Alto da Paz II, no Bairro Vicente Pinzón; e Luiz Gonzaga I e II, no Bairro Ancuri.

Sobre o primeiro, um funcionário que preferiu não se identificar confirmou que um imbróglio no repasse de verbas da Caixa à construtora responsável tem causado maior lentidão na finalização das quatro quadras, com cerca de 1.100 unidades. Ele negou, porém, que qualquer uma esteja com obras paradas.

Já o Luiz Gonzaga I, com aproximadamente 1.120 residências, está em obras desde 2015 e tem entrega prevista para o próximo 7 de abril. Vizinho ao residencial já completamente erguido e parcialmente equipado está o espaço onde deveria ter sido iniciado o Luiz Gonzaga II – o que se vê, entretanto, é apenas o terreno repleto de vegetação, sem previsão alguma para ser ocupado pelos apartamentos.

A Habitafor afirma que estão previstas 8,6 mil novas unidades habitacionais para 2019, e que 5 mil famílias devem ser contempladas com o “papel da casa” neste ano. Em todo o Estado, já foram entregues 91 empreendimentos, que representam 28.877 residências. O investimento total, conforme a Caixa, soma R$ 1,6 bilhão.