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Mansões ocupam terrenos da União para pequenos agricultores no Ceará

Departamento Nacional de Obras Contra a Seca destinou áreas para pequenos produtores rurais, mas muitos beneficiados negociaram as terras.

23 de setembro de 2015 às 15:12

Terreno da União

Foto: Reprodução/Globo

No Ceará, terrenos da União que deveriam ser usados por pequenos agricultores foram invadidos e estão abrigando agora mansões de políticos e empresários.

As áreas de plantio são poucas e pequenas. O que ocupa os espaços por lá são as mansões. É o cenário atual da área do açude São Mateus, em Canindé, sertão do Ceará.

Desde os anos 1950 o Dnocs, Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, destina o lugar a pequenos produtores rurais para incentivar a agricultura familiar e a permanência no campo. Mas muitos beneficiados acabaram negociando a terra que pertence ao governo federal. E o que serviria de sustento deu lugar à ostentação dos compradores.

Segundo o Dnocs, essas áreas eram isoladas na época da demarcação dos lotes, mas as casas foram sendo construídas logo que a cidade cresceu. E essa se tornou, praticamente, uma área urbana que despertou o interesse de quem quer morar perto da cidade pagando muito pouco pelo terreno.

Na vila de agricultores uma casa, ampla, se destaca. Ela pertence ao dono de uma construtora na cidade. Ele promete mostrar ao Bom Dia Brasil um documento de posse do terreno, sai apressado e, depois, quando a reportagem tenta contato por telefone, alega:

“Estou dentro do banco, está cortando a ligação".

A maior de todas as mansões é a casa de veraneio do ex-prefeito de Canindé Cláudio Pessoa, do PSDB, que mora em Fortaleza. O ex-prefeito não atendeu às ligações da reportagem.

Além das casas, os terrenos federais foram invadidos por galpões de empresas e até por um parque de vaquejada.

No município de Iguatu, a Justiça Federal já autorizou a demolição de nove mansões e outras dez estão sob análise, todas à beira de um açude.

“Os donos das construções irregulares são empresários, políticos da região de Iguatu”, afirma Francisco Alves de Andrade, chefe de unidade do Dnocs.

O Dnocs informou que está concluindo o processo das casas irregulares em Canindé e vai encaminhar para o Ministério Público Federal.

"Não tem ninguém inocente nessa área aí. Todos sabiam o que estavam fazendo. Todos sabiam que a área era do Dnocs, então cada um que fez essa compra, cada um que fez essa transação, sabia o risco que estava correndo", afirma o coordenador do Dnocs, José Falb Ferreira Gomes.

O Bom Dia Brasil insistiu com os donos das mansões citados na reportagem, mas ninguém quis gravar entrevista.

G1