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Insegurança atrapalha comércio de Fortaleza nas madrugadas

09 de outubro de 2018 às 08:59

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Uma Cidade menos noturna. É essa a realidade que tem sido sentida por donos de estabelecimentos e casas que funcionam à noite e que passa a reverberar no faturamento mensal. A causa, que tem várias vertentes, sendo a principal a crise econômica, também é a insegurança, que afasta clientes e pressiona por um fechamento mais cedo. É difícil mensurar o impacto, quando se separa o que é pela insegurança do que pode ser posto na conta da recessão, mas, Antônio Alves Moraes Neto, presidente do Sindicato de Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffets e Similares do Estado do Ceará (Sindrest), indica que em alguns casos a queda na receita pode chegar a 25%.

"Fortaleza se tornou uma cidade que não se tem mais a liberdade de sair a qualquer hora, e as casas têm essa preocupação. Na semana, principalmente, quando o faturamento é um pouco mais baixo, estamos fechando um pouco mais cedo", relata. Moraes Neto aponta que mesmo que a insegurança não se estenda à Cidade toda, casos pontuais, mesmo que em bairros mais periféricos, "deixam a sensação de insegurança e as pessoas têm muito medo de voltar para casa".

Trata-se de movimento iniciado em 2016. Tiene Righetto, diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurante (Abrasel), acredita que fechar estabelecimentos mais cedo e tornar a vida noturna de Fortaleza, principalmente na semana, mais escassa têm se sedimentado neste ano. "Às vezes, a pessoa não foi vítima, mas escuta falar, vê nos jornais, vê os ataques aos ônibus. É uma corrente que acaba todo mundo sentindo e não sai com medo. A violência é notória. Ela acontece e tem números, mas de um ano pra cá está se sentindo mais pesado, a sensação de insegurança ficou forte de as pessoas pensarem duas vezes antes de sair", aponta.

Righetto pondera que, muitas vezes, os estabelecimento não antecipam o encerramento do expediente nem mesmo por medo de violência, e, sim, "porque o movimento acaba reduzindo mais cedo, porque os clientes têm algum receio de ficar até mais tarde". É o que observa a gerente de uma pizzaria na Aldeota. Sem se identificar, como todos os proprietários e os funcionários ouvidos pela reportagem, ela conta que tem "percebido que alguns clientes chegam mais cedo, e com certeza tem uma relação com a segurança". "A gente já fecha mais cedo, porque, às vezes, chega 23 horas e vê que não tem mais clientela, a gente se antecipa, até pra economizar. Não justifica ficar com a casa exposta se não vai atender nenhum cliente", lamenta.

No bairro Edson Queiroz, um gerente de uma restaurante conta que nos últimos três anos cerca de 70% dos empreendimentos noturnos na Edilson Brasil Soárez fecharam as portas - maioria por problemas relacionados à crise econômica. Ele aponta a boa relação com o policiamento no local, mas indica que o "bar se adaptou a fechar em horário mais cedo".

Comuns a quase todos os estabelecimentos ouvidos pelo O POVO é o investimento em equipamento de videomonitoramento eletrônico e segurança particular. Bares da Aldeota e da Varjota contam que cerca de 3% do lucro vai mensalmente para o pagamento dos funcionários extras para garantir a segurança, principalmente aos fins de semana, quando pelo maior movimento é preciso reforço. "Se fosse levar ao pé da letra os acontecimentos próximos e os comentários, teríamos que ter aumentado esse investimento", calcula a gerente da pizzaria na Aldeota que hoje já conta com dois seguranças.

Com dois casos recentes de furtos durante as madrugadas, o proprietário de  uma lanchonete no Conjunto Ceará, que até então não tinha feito o investimento em câmeras, já planeja para este mês adquirir o equipamento. 

"Não estava sendo necessário, mas já orçamos. Vamos colocar e vai boa parte do faturamento para instalar as câmeras. São despesas que a gente não conta, mas são necessárias", pondera.

"Hoje, as casas têm sentido a procura de investimento em equipamento eletrônico de segurança, e muita gente acaba contratando segurança para se sentir mais tranquilo, e também pra não perder o cliente. Varia de casa para casa, mas chega a se gastar cerca de 5% com segurança", estima Righetto.

(O Povo - Repórter Domitila Andrade)