TVJ1.com.br

Regionais



PUBLICIDADE

{}

Em 4º ano de seca, Ceará tem 12 açudes com capacidade zerada e 36 com menos de 1%

Os açudes cearenses estão com apenas 14% de água, preocupando os agricultores. “Situação é caótica”, revela secretário da Fetraece

29 de outubro de 2015 às 09:12

Açude com reserva baixa e homem fazendo filmagem

Na agricultura, a previsão é de que haja redução de 50% da área plantada (Foto: Tribuna do Ceará/Arquivo)

No 4º ano consecutivo de seca no Ceará, dos 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 124 estão com volume inferior a 30% da capacidade. Desses, 36 estão abaixo de 1%, e 12 com a capacidade zerada.

Caridade é um dos municípios que mais sofrem com a estiagem, estando com o açude São Domingos em nível zero de água. O volume preocupa cada vez mais a população. “A gente tem que pegar água no poço, ou a pé ou de carro. Eu vou andando, passo 30 minutos caminhando para conseguir pegar água”, conta a atendente Márcia Ponciano, moradora do Centro de Caridade.

Os açudes monitorados, cuja capacidade total é de 18,81 bilhões m³, apresentam volume de 2,74 bilhões m³, com apenas 14,6% do total. Atualmente, o volume de água das bacias está distribuído: Litoral (31,40%), Alto Jaguaribe (30,40%), Coreaú (26,32%), Metropolitana (25,61%), Serra da Ibiapaba (18,76%), Salgado (16,65%), Médio Jaguaribe (12,71%), Acaraú (10,48%), Banabuiú (3,73%), Curu (3,31%), Sertões de Crateús (1,63%) e Baixo Jaguaribe (0,88%).

As consequências vão além da falta de água para o consumo humano. Também prejudicam a agricultura e a pecuária do estado, cuja economia depende dessas áreas. Segundo o secretário de Políticas Agrícolas da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), José Francisco de Almeida, a situação segue complicada nos municípios. “As tecnologias sustentáveis, as cisternas-calçadão, estão secando também. As águas dos açudes não temos mais. A água que tínhamos para lavoura também está se exaurindo. Está ficando caótico”, lamentou.

Tabela contendo dados de doze açudes sem água no Ceará.

Arte: Tribuna do Ceará/Uol

Para o secretário, é necessário aumentar o número de tecnologias sociais no campo, os açudes e as adutoras de engate rápido. Além disso, é preciso celeridade na Transposição do Rio São Francisco. “As pessoas também têm que aprender a economizar o pouco que se tem de água. Se isso não for feito, o Ceará vai entrar em colapso, e teremos perdas significativas”, revela.

Segundo disse, caso 2016 seja mais um ano de estiagem, a previsão é de que haja redução de 50% da área já plantada e perda de 40% da produtividade. “Só na produção de ovinos e caprinos, por exemplo, já perdemos 30% do rebanho. Vai ser uma calamidade”, prevê.

Sem chuvas

No próximo ano, a perspectiva é de que a situação se prolongue com uma tendência de diminuição dos volumes dos açudes. A probabilidade de ocorrer grande volume de chuva no próximo ano permanece pequena, de acordo com previsão parcial da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que tem como base o fenômeno El Niño [fenômeno causado pelo aquecimento das águas do Pacífico além do normal e pela redução dos ventos alísios na região equatorial]. Os dados, entretanto, só poderão ser analisados com precisão no próximo ano.

Tribuna do Ceará