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Crise não afeta mercado de cirurgia plástica no Ceará

05 de setembro de 2016 às 08:15 - Atualizado em 16/09/2016 07:30

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Que a economia brasileira não anda bem, todos sabemos: o desemprego e a inflação têm aumentado, o endividamento e a inadimplência sobem e as vendas, em muitos setores, estão caindo. Uma projeção feita por especialistas indica que o País terá uma retração de 3,2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, segundo o Banco Central (BC). Na contramão da crise, um setor do mercado continua firme e movimentando bilhões de reais, por ano, no Brasil – incluindo o mercado de Fortaleza –, como as clínicas de estética e cirurgia plástica.

Segundo os dados mais recentes da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps, na sigla em inglês), de 2014, o Brasil é o segundo no ranking mundial desse tipo de intervenção, com mais de 1,3 milhão de operações realizadas naquele ano – atrás apenas dos Estados Unidos. Também o País é o segundo maior quando os números levam em consideração todos os procedimentos estéticos, como preenchimentos e peelings. No Ceará, existem 142 cirurgiões plásticos registrados no Conselho Regional de Medicina (CRM), além 15 residentes, que realizam inúmeras cirurgias, por dia, em vários hospitais públicos e privados.

Só esse tipo de intervenção – corretiva ou estética –, injeta nas clínicas e hospitais um valor próximo dos R$ 2 bilhões, revela o cirurgião plástico Erik Nery. “Além disso, os últimos dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) revelaram que o número de novas cirurgias cresceu 10%, em 2015, com uma estimativa de 1,5 milhão de procedimentos realizados. Mesmo nesse cenário, de crise, a procura continua intacta e não há qualquer indício de diminuição”, diz.

Mercado


Apesar da economia controversa, a procura, no Ceará, não sofreu grandes impactos, na opinião do também cirurgião plástico Coracy Carneiro, membro da SBPC. “Houve uma certa mudança no sentido de buscar um valor mais em conta e uma melhor forma de pagamento, mas os custos não foram obstáculos para a realização das cirurgias”, observou. Segundo o especialista, as cirurgias de cunho estético são mais sazonais, e, geralmente, costumam aumentar muito no período de férias. “Houve um crescimento, desde maio deste ano, que vem se mantendo”, salientou Coracy.


Além disso, o especialista ressalta que o posicionamento geográfico do Ceará, inclusive, tem favorecido a demanda de pacientes estrangeiros por esses procedimentos no Estado. “O Ceará além de geograficamente ser porta de entrada do País, em relação à Europa e América do Norte, possui excelentes cirurgiões plásticos, reconhecidos nacional e internacionalmente. Os pacientes estrangeiros que operei foram da Suécia, Itália e, principalmente, Estados Unidos. Normalmente, eles têm algum contato aqui, que serve de apoio durante o tratamento. E o valor praticado no Brasil, sem dúvida, influencia, pois a medicina fora (exterior) é bem cara”, afirmou. “Na Europa o preço pode quadruplicar, por causa do euro valorizado”, ressaltou, por sua vez, o cirurgião Erik Nery.

Ele afirma que um dos motivos do mercado da cirurgia plástica estar em constante crescimento é a programação por parte dos pacientes. “Normalmente, uma pessoa que decide realizar um procedimento estético não o faz da noite para o dia. Há todo um processo de planejamento, realização de exames pré-operatórios, até chegar a data marcada. Ou seja, as pessoas se programam com muita antecedência, tanto ao pesquisar um profissional habilitado, como nas condições de pagamentos”, disse.

Perfil


Contudo, nesse mercado, apesar de estar em ascensão, as classes C e D foram mais atingidas pela crise no País, fazendo cair a procura por este público. “Acredito que todos os setores da economia foram afetados, e a cirurgia plástica não ficou de fora. Nos anos de crescimento econômico, observou-se um maior número de pessoas das classes C e D em busca de cirurgias plásticas, e foram principalmente essas classes as mais afetadas”, destacou Coracy Carneiro, que observou, neste ano, uma maior procura desde maio nessa faixa de renda.

As plásticas em mulheres continuam sendo as mais procuradas, segundo o especialista. “É mais comum a cirurgia das mamas, mais notadamente aumento com silicone”, reforça. Já entre os homens, o cirurgião observa que está cada vez mais comum a busca por procedimentos estéticos, como implante capilar. “Enquanto isso, para outros procedimentos, como lipoaspiração e rinoplastia, observo um certo equilíbrio entre ambos os gêneros”, informou o cirurgião plástico.

Setor de estética e bem-estar sem crise


Demissões, retração, crise, falta de movimento no estabelecimento. Essas palavras estão bem longe de quem trabalha no ramo da beleza. Enquanto alguns segmentos estão calculando os prejuízos causados pela estagnação da economia brasileira, como a cadeia automotiva, o mercado da beleza vem crescendo acima da inflação. Alguns setores têm apresentado expansão de até 15%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).

Para o cirurgião Erik Nery, é importante frisar que a estética e a beleza não são mais vistas como algo meramente superficial. “Ambas estão se consolidando como instrumentos que auxiliam as pessoas a se sentirem bem, aumentando a autoestima, a confiança e, por consequência, a saúde”, acrescenta Nery.
Para finalizar, os especialistas afirmaram que algumas cirurgias melhoram não apenas os aspectos físicos das pessoas, mas também, o psicológico, pois muitas vivem traumatizadas com suas situações. “Só quem tem algo no seu corpo que lhe incomoda sabe o sofrimento que passa”, corrobora Coracy Carneiro. “Conheço pacientes que não se olham no espelho sem blusa, casais que não têm mais uma vida íntima – pois um dos dois não tem coragem de tirar a roupa na frente do outro –, adolescentes que não tiram foto sorrindo por algo que lhes desagrada a face, enfim. É um sofrimento que, em muitos casos, nem mesmo é compartilhado; sofrem em silêncio”, acrescentou o especialista.

O Estado CE