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Ceará elucidou 23% dos homicídios em 2016

16 de janeiro de 2017 às 08:44

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No Ceará, de janeiro a dezembro de 2016, 3.407 pessoas morreram vítimas de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), que incluem homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidos de morte. Segundo a estatística do Sistema de Gerenciamento e Elucidação de Homicídios (SGH) da Polícia Civil, apenas 23,4% desses crimes tiveram elucidação. Dos crimes cometidos no ano passado, 750 tiveram desfecho com os suspeitos identificados ou presos. Os outros mais de 2.500 assassinatos ainda estão com inquéritos abertos na Polícia.

Ainda conforme a estatística, a região Norte é a que possui o melhor índice de elucidação de homicídios, com 41,6%, seguido da Região Sul, com 25,1% dos casos solucionados. A Região Metropolitana tem 18,3% dos inquéritos resolvidos e Fortaleza, apesar de apresentar o maior número de CVLIs (1.007 ao todo), apresenta o pior índice de resolutividade do Ceará, com apenas 15,1% dos casos elucidados.

Comparativos


Em relação aos anos anteriores, o índice de resolutividade de 2016 diminuiu em comparação com o ano anterior, que registrou a média de 25%; mas melhorou em relação ao ano de 2014 que, na época, o índice ficou em torno de 18%.

Apesar da variação, o titular do 2º Distrito Policial (Aldeota), Ricardo Romagnoli, avalia que “o índice é bom, mas sempre pode melhorar”. O delegado destacou que o índice nacional gira em torno de 8%. “O caminho é esse. Quando os índices de crimes diminuem, o índice de resolutividade aumenta. Uma coisa é consequência da outra. O trabalho está sendo realizado através do programa Pacto em Defesa da Vida e os resultados estão aparecendo, principalmente quando comparado com a média nacional que é de 8%”.

Sobre a redução do índice de 2% entre os anos de 2015 e 2016, Romagnoli explicou que a paralisação dos policiais civis, em outubro passado, pode ter influenciado nos números. “A gente enfrentou eventos no decorrer do ano e uma delas foi a paralisação parcial das atividades da Polícia Civil. Foi por um curto período, mas pode ter influenciado situações ocasionais. Também tem o fator do quantitativo do efetivo que, muitas vezes, temos que remanejar profissionais para outros territórios e isso também demanda tempo”, falou. Ele acrescentou que a investigação de homicídios é um trabalho complexo. “Existem aqueles que se consegue, de forma rápida, identificar o autor e prendê-lo em flagrante, mas nem todos são assim. “A maioria dos crimes demanda trabalho investigativo mais aprofundado, com constatação de provas periciais, usamos provas testemunhais de medida judicial. Isso demanda tempo e nem sempre a resposta é imediata”.

Dificuldades


Na avaliação da vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpol), Ana Paula Cavalcante, o índice poderia ser melhor caso o Estado investisse mais na Polícia Civil. “Nos últimos anos não houve incremento considerável no efetivo da Polícia, nem melhoria na estrutura, nem nos salários. Alguns policiais que trabalhavam, inclusive, nas suas folgas, estão se sentindo desmotivados e insatisfeitos”, disse Ana Paula.

Ela acredita que os índices devam cair mais em relação ao ano de 2015, caso o Governo não tome providências. “Temos delegacias que estão praticamente paradas, pois os policiais estão com munição vencida e viaturas irregulares. Fora isso, muitos que deveriam estar investigando, estão custodiando presos”, criticou Ana Paula, exemplificando o caso da Delegacia Regional do Crato. “Um dia só, a equipe de lá cumpria mais de 20 mandatos de prisão. Eles lideravam e participavam de várias operações, mas ficou 100 dias sem fazer nenhuma prisão. Não foi por falta de vontade, mas por falta de estrutura”.