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2018 pode ser um ano sem seca no Ceará

01 de junho de 2017 às 08:52

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Após cinco anos consecutivos de seca, neste ano, o Ceará encerra a quadra chuvosa (fevereiro a maio) sem atingir a média histórica, mas ficou no intervalo (de 505 a 695 mm) considerado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) em torno da média. Enquanto a situação hídrica do Ceará segue preocupante, o monitoramento das condições climáticas para 2018 traz um alívio momentâneo: os fatores de formação do El Niño recuaram no mês de maio. Assim, o fenômeno pode não acontecer ou vir com pouca intensidade no próximo ano.

O aquecimento anormal das águas de superfície do Oceano Pacífico caracteriza a ocorrência do El Niño. Pela dimensão do Oceano, este aquecimento é gradual ao longo dos meses. As observações de maio apontam para um resfriamento destas águas, explica Raul Fritz, meteorologista da Funceme. A condição do Pacífico ainda é de águas superficiais aquecidas, porém estão agora mais próximas da neutralidade.

Conforme Fritz, estas condições podem mudar com uma possível retomada do aquecimento das águas. Com os dados coletados até a terceira semana de maio, ainda há 55% de chances de manifestação do El Niño no fim deste ano e início de 2018. “Existem volumes de água aquecida abaixo da superfície que tendem a subir. Mas não são volumes expressivos, podemos até ter um El Niño fraco”, informa Fritz. Ele explica que o fenômeno intenso tem mais poder de prejudicar a formação de nuvens de chuva no Ceará durante a quadra.

As anomalias positivas na temperatura de superfície do Pacífico Equatorial foram divulgadas em maio pelo órgão norte-americano National Climatic Data Center (NDDC). No entanto, há ainda previsão de aquecimento para o segundo semestre deste ano na chamada “análise probabilística de consenso”. Conforme divulgação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a confirmação do El Niño tem menos possibilidades em comparação com previsões feitas nos meses anteriores.

Com as chuvas de 2017, o Ceará tem água para mais um ano, informa Francisco Teixeira, secretário dos Recursos Hídricos. No entanto, as ações de convivência com a seca deverão levar em conta o pior cenário: um 2018 de mais estiagem e sem a chegada das águas do rio São Francisco. Conforme o secretário, a meta atual é chegar ao início de 2019 ainda com reservas de água. “Vamos impor novos desafios de economia e diversificação de fontes de água”, declarou Teixeira.

Conforme João Lúcio Farias, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o socorro aos municípios continuará sendo feito com perfuração de poços, montagem de adutoras emergenciais, exploração de novas fontes hídricas e ações de uso racional da água — como a tarifa de contingência.

Na RMF, são pelo menos três projetos previstos para o segundo semestre deste ano. Cidades a oeste de Fortaleza, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém e o distrito industrial de Maracanaú devem receber águas extraídas dos aquíferos de dunas e lagoas das regiões da Taíba e do Cauípe, além da duplicação da adutora no açude Maranguapinho. Com estes recursos, será possível economizar água do sistema metropolitano, detalha o presidente da Cogerh.

El Niño

O Pacífico não é o único oceano monitorado para prognósticos de chuvas no Ceará. As condições do Atlântico são mais importantes e são previstas com menor antecedência. Águas mais aquecidas na porção abaixo do Equador são favoráveis ao Ceará.

Estas condições atraem a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), sistema mais atuante para as precipitações no Ceará. A regularidade das chuvas ocorre quando há poucas variações no Atlântico durante a quadra chuvosa.

O Povo