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10 recém-nascidos já morreram em Iguatu em 2017 por falta de UTI Neonatal

27 de abril de 2017 às 07:08

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Um dos problemas encontrados no Hospital Regional de Iguatu ou melhor não encontrados, é a UTI Neonatal, que foi inaugurada em 2016, mas nunca funcionou. Só este ano, 10 recém-nascidos já morreram por falta da UTI.

Essa unidade serviria para atender os casos mais graves de crianças nascidas prematuras, que hoje tem de ser transferidas para Fortaleza.

Foi o que aconteceu com Nayara Pereira. Ela teve uma gravidez tranquila, fez todos os exames, mas seu bebê nasceu prematuro e não conseguiu ser transferido imediatamente após o nascimento para o hospital Albert Sabin, em Fortaleza. Ela acredita que se tivesse recebido atendimento adequado, o final dessa história seria diferente.

“Fiz todos os exames e meu bebê estava bem. Então, no dia 18 de fevereiro, e o bebê nasceu. Mas ele precisava ir para Fortaleza, mas apesar de ter UTI não funciona. A transferência só foi feita quase 12 horas após o nascimento da criança. O próprio médico legista que fez o exame da causa da morte falou para o meu esposo que a causa da morte dele foi insuficiência respiratória”, diz.

O bebê de Nayara teve complicações respiratórias por conta do nascimento e tinha que receber soro imediato. O que não aconteceu.

O presidente da Comissão de Saúde da OAB Ceará, Ricardo Madeiro, diz que a população da Região Centro-Sul não possui opções de neonatologia, sendo obrigada ir até Fortaleza para receber atendimento. Por outro lado, a cidade de Fortaleza já está sobrecarregada e não tem condições de prestar atendimento adequado.

“É uma situação de clemência porque a região não tem aonde atender essa demanda de pacientes de alto risco. Quando chegar em Fortaleza a situação é crítica pela superlotação na Capital”, explica.

Lara Teles da Comissão de Saúde da Defensoria Pública diz que o problema do Hospital Regional de Iguatu não é de hoje. Em agosto de 2016, uma Comissão de Defensores Públicos realizou uma vistoria na Unidade.

À época, a situação da Neonatologia já era complicada. Apenas um médico atendia na unidade e na casa da gestante, um espaço para receber as grávidas, também não funcionava, e que até hoje está sem condições de receber ninguém.

“As situações que nós verificamos do hospital é bastante precária. A época nós já recebíamos denúncias nessa sentido. A própria diretoria tinha nos informado a morte de dois recém-nascidos por falta de UTI Neonatal”, argumenta.

A Defensora ressalta que, no mês de maio, vai ser realizada uma audiência pública em Iguatu, reunindo população, Defensoria Pública e as prefeituras que são atendidas pelo hospital, para traçar metas para melhorar a unidade.

Por outro lado, Lara Teles afirma que, até agora, a Prefeitura de Iguatu não atendeu aos ofícios da Defensoria, e que o órgão pode acionar a Justiça para que a gestão do atual prefeito Ednaldo Lavor (PDT), se responsabilizasse pelas mudanças no hospital.

“A ideia é sair dessa audiência é sair com alguma tentativa de resolução. Mandamos alguns ofícios para a Prefeitura e não tivemos nenhuma resposta”, disse.

Procurada pela Rede Jangadeiro FM, a secretaria estadual da saúde disse que o hospital Regional de Iguatu recebe R$ 390 mil por mês do Estado e que de janeiro até abril, já foram mais de R$ 1, 5 milhão destinados à unidade.

Sobre a UTI Neonatal, o diretor clínico do hospital, Roberto Mendonça, reconheceu os problemas do equipamento que foi inaugurado mesmo sem condições. As mortes dos recém-nascidos serão investigados por uma Comissão de óbitos formada por membros da Prefeitura, Conselhos de Saúde e a Diretoria do Hospital de Iguatu. Porém, a direção Clínica da Unidade também atribuiu a morte dos bebês a outros fatores durante a gestação.

Tribuna do Ceará