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Sérgio Machado diz ter repassado propina a mais de 20 políticos

Delator da Lava Jato citou políticos de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PCdoB. Segundo ex-presidente da Transpetro, pedidos eram enviados a construtoras.

15 de junho de 2016 às 16:30

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O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou a investigadores da Operação Lava Jato, em depoimentos de delação premiada, ter repassado propina a mais de 20 políticos de 6 partidos. O novo delator da Lava Jato contou aos procuradores da República sobre pedidos de doações eleitorais de parlamentares de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PC do B.

O acordo, que pode reduzir eventuais penas de Machado, em caso de condenação, foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

A íntegra da delação premiada de Machado, de 400 páginas, foi tornada pública no ínicio da tarde desta quarta-feira (15). Alguns destaques:
- Machado diz que repassou propina a mais de 20 políticos;
- a propina, segundo ele, ela paga por meio de doações eleitorais oficiais;
- alguns políticos também receberam dinheiro em espécie, diz ele;
- Machado diz que Michel Temer pediu doação de R$ 1,5 milhão para Gabriel Chalita;
- O delator relatou ter pago R$ 1 milhão para Aécio na eleição de 1998;

LEIA A ÍNTEGRA DA DELAÇÃO:  PARTE 1 - PARTE 2

Segundo o ex-dirigente da subsidiária da Petrobras, os pedidos de doações eram repassados por ele a empreiteiras contratadas pela estatal do petróleo. O PMDB, responsável pela indicação de Machado, teria arrecadado R$ 100 milhões, informou o delator.

Entre os políticos que teriam pedido doações, afirmou Machado, estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA), além do ex-presidente da República José Sarney.

Machado disse que os cinco foram os responsáveis por sua indicação para o comando da Transpetro, que presidiu entre 2003 e 2014. Teriam recebido propina tanto por meio de doações eleitorais quanto em espécie.

Entre membros do PMDB, também teriam recebido propina, na forma de doações, Valdir Raupp (PMDB-RO), Garibaldi Alves (PMDB-RN), o deputado Walter Alves (PMDB-RN), o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves.

Entre os políticos do PT estão Cândido Vaccarezza (PT-SP), Luiz Sérgio (PT-RJ), Edson Santos (PT-RJ), Ideli Salvatti (PT-SC), Jorge Bittar (PT-RJ). Também citou Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o vice-governador do Rio de Janeiro Francisco Dornelles (PP-RJ).

Outros nomes citados foram do deputado Heráclito Fortes (ex-DEM, hoje no PSB-PI), do ex-senador já falecido Sérgio Guerra (PSDB-PE), do senador José Agripino Maia (DEM-RN) e do deputado federal Felipe Maia (DEM-RN).

"Embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro", disse Machado na delação.

Por meio de nota, Jader Barbalho chamou Sérgio Machado de "canalha que roubou a Transpetro de todas as formas".

"Somos incompatíveis desde que deixei o Senado em 2001. Não falo e nem tenho nenhum tipo de aproximação com ele há 15 anos. Jamais recebi nenhum tipo de favor desse canalha. Estou à disposição da Justiça para verificação de minha conta bancária", escreveu o senador do PMDB no comunicado.

O G1 também entrou em contato com as assessorias de Renan, Jucá, Sarney, Lobão, Francisco Dornelles, Cândido Vaccarezza e Jandira Feghali, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido resposta.

O G1 ainda não conseguiu contato com Henrique Alves, Garibaldi Alves, Valter Alves, Valdir Raupp, Luis Sérgio, Edson Santos, Ideli Salvatti, Jorge Bittar, Agripino Maia, Felipe Maia, Heráclito Fortes e com a direção nacional do PSDB.

Temer e Chalita
Sérgio Machado também relatou em sua delação premiada que o presidente em exercício, Michel Temer, pediu a ele que obtivesse doações oficiais para o ex-deputado federal Gabriel Chalita para a campanha a prefeito de São Paulo em 2012. 

Em depoimento aos investigadores da Lava Jato, o ex-dirigente da Transpetro narrou um encontro que teve com Temer em setembro daquele ano. Na ocasião, eles teriam acertado o valor de R$ 1,5 milhão para a campanha de Chalita, pagos, segundo ele, pela construtora Queiroz Galvão ao diretório do PMDB.

"O contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente [Machado] era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita", diz trecho da delação.

Machado explicou que fez contato diretamente com os executivos da empreiteira Ricardo Queiroz Galvão e Idelfonso Colares. O valor, acrescentou, era oriundo do pagamento de vantagem indevida pela Queiroz Galvão  de contratos que ela possuía junto a Transpetro.

Em conversa gravada com Sarney e revelada no fim de maio, Machado menciona o encontro com Temer, que segundo ele serviu para discutir contribuições à campanha do "menino", que para os investigadores era Gabriel Chalita.

Na ocasião, Temer negou que tenha pedido doação a Machado para Chalita. Ele disse também que não foi candidato nas eleições municipais de 2012 e não recebeu nenhuma contribuição. Michel Temer disse também que nunca se encontrou em lugar inapropriado com Sérgio Machado.

Aécio Neves


Na delação premiada, Sérgio Machado também relatou uma suposta articulação, ocorrida em 1998, para eleger uma bancada de, pelo menos, 50 deputados para viabilizar a candidatura do senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), para a presidência da Câmara no ano de 2000. À época, Aécio era deputado federal e tentava a reeleição para a Câmara.

 

De acordo com o ex-dirigente da Transpetro, Aécio embolsou sozinho R$ 1 milhão dos R$ 7 milhões que foram arrecadados pelo esquema.

G1