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Ciro rechaça privatizações e crítica “lucro exorbitante” de banqueiros

21 de maio de 2018 às 15:15

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O pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, declarou nesta segunda-feira (21) durante sabatina promovida pelo UOL, Folha de S. Paulo e SBT que é contra a privatização de estatais como a Petrobras e a Eletrobras –esta última proposta pelo governo do presidente Michel Temer (MDB).

“Evidente que não [sou favorável]. Para mim, a privatização é uma ferramenta. A gente deve celebrar um projeto nacional de desenvolvimento, cujas linhas gerais eu vou oferecer ao juízo crítico do povo, que vai definir o papel do capital estrangeiro, contra quem eu nada tenho, do capital nacional e do capital estatal”, afirmou Gomes.

Segundo o presidenciável, cada questão será procurada de ser realizada dentro dos objetivos do país pela “lei do menor esforço. “Não importa a cor do gato, o que importa é que ele cace o rato”, disse ele.

Ciro também criticou os “lucros exorbitantes” de poucos banqueiros do país. “O problema de investimento do Brasil não é a taxa de juro do governo [de 6,5%]. A taxa de juro que o mercado financeiro da produção brasileiro é de 41% […] O empresariado não investe porque hoje o passivo do setor privado já está em estonteantes R$ 2 trilhões”.

“Essa gente, por ‘curtoprazismo’ na vida brasileira, que já não é fácil, a iminência de uma crise bancária”, declarou.

“O Brasil permitiu que apenas cinco bancos, dois dos quais públicos, Banco do Brasil e Caixa Econômica, Bradesco, Santander e Itaú, concentrem 85% de todas as transações do mercado financeiro”, disse o pré-candidato, criticando o fato de que “eles não competem entre si”.

“Está aí a explicação: o mundo se acabando e os caras enchendo a pança de ganhar dinheiro. A economia indo para o brejo e o setor financeiro tendo 14% de lucro […] No meu governo, Banco do Brasil e Caixa começarão, no primeiro dia, a fazer concorrência. Se isso não for suficiente, outras providências haverá”, completou.

O presidenciável também criticou a reforma trabalhista aprovada no ano passado pelo Congresso, que classificou como uma “selvageria”. “O sucesso do capitalismo moderno depende do consumo de massa, que depende de o povo ter renda”, alertou.

Ciro disse ainda que está ouvindo pessoas de seu entorno sobre a necessidade de criar um tributo sobre operações financeiras “grandes” para aumentar a arrecadação.

Questionado se é a favor do retorno da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), extinta em 2007, durante o segundo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele classificou o tributo como “ruim tecnicamente”.

Ciro chama reforma trabalhista de “Selvageria” e diz foi volta ao século 18

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O pré-candidato do PDT defendeu um novo regime de impostos para ricos, mas não citou que critérios seriam usados para definir isso. “Só quem paga imposto nesse país é classe média e pobre”, afirmou.

O presidenciável apontou que, de cada R$ 100 executados no orçamento do ano passado, R$ 51,70 foram de juros para banco. Interpelado pelo jornalista Fernando Canzian, da Folha, que disse se tratar de despesa financeira, Ciro demonstrou irritação e afirmou que esse é o cerne da questão.

“É aí que está o busílis [centro do problema], eu tirar a despesa financeira e não discuto ela. Vou discutir no lombo do povo o gasto com saúde. Deixa que o nosso povo morra como mosca nos hospitais, tratado com toda a indignidade, porque isso pode. Mas o banqueiro não pode deixar de ter o lucro exorbitante como está tendo hoje. Espera um pouquinho!”, declarou.

“Eu não quero ser presidente do Brasil se não for para equilibrar as coisas”, arrematou Gomes.

Ao ser questionado sobre sua proposta para a seguridade social, Ciro disse ser “possível perfeitamente afirmar que a Previdência Social, regime geral, não tem déficit”.

“Porque nós fomos criando puxadinho para cá, puxadinho pra lá e temos hoje uma cesta de mecanismos de financiamento cujos principais são: contribuição social sobre o lucro líquido, PIS, Cofins, contribuição patronal, contribuição dos trabalhadores, contribuição governamental, mais receita de loterias, para ficar aqui nas principais. A soma disso paga a Previdência e sobra um tiquinho”, apontou o presidenciável.

A ideia de que a proposta do governo Temer significaria uma reforma da Previdência, segundo Ciro, “é uma grosseira mentira”.

“Esse modelo [atual] morreu, então é preciso propor com clareza novo modelo. E aqui a grande questão é a transição”, declarou.

Críticas a Bolsonaro

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O presidenciável criticou em mais de uma oportunidade o pré-candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro. Ciro Gomes falou que Bolsonaro, “como fascista, tem dificuldade de lidar com o antagonismo” e, caso o concorrente seja eleito, haverá crise posto que “nunca administrou um boteco dos pequenos”.

O pedetista ainda disse que “gostaria muito” de enfrentar Bolsonaro no segundo turno porque seria o candidato “mais fácil” de derrotar.

Ao falar de segurança pública, o pedetista também alfinetou Bolsonaro, que é o segundo melhor colocado nas pesquisas de intenção de voto. Questionado sobre o pré-candidato à Presidência pelo PSL, e o posicionamento deste em defender a distribuição de armas, especialmente em áreas rurais, e a flexibilização do porte das mesmas, Ciro disse que o concorrente é uma “grave ameaça pelo extremismo”.

Na avaliação de Ciro, Bolsonaro tem “soluções toscas e graves” e “quando um camarada promete distribuir armas é um banho de sangue”. Isso porque, afirmou, os cidadãos não estão preparados para manusear as armas, enquanto os criminosos, sim.

Indagado sobre a crise política e econômica da Venezuela, que elegeu Nicolás Maduro por mais seis anos em pleito com legitimidade contestada internamente e internacionalmente, Ciro disse que o regime é insustentável e ver com “muita angustia o itinerário da sandice ali”. Porém, ele criticou o posicionamento do atual governo brasileiro em não mediar o conflito.

Em relação à candidatura, Ciro disse que não a pagará do próprio bolso, mas com recursos do PDT e contribuições individuais, embora não espere que essa modalidade tenha importância significativa.

Quanto a coligações, falou que seu projeto precisa ser “aperfeiçoado” com partidos do centro à esquerda e mantém conversa com o PSB, agora que o eventual pré-candidato da sigla, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, desistiu de concorrer. Segundo Ciro, o PSB é o “parceiro preferencial” e ele tem vontade de ter o apoio do PCdoB.


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