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Estudo sobre educação superior indígena no Ceará recebe maior honraria acadêmica na Europa

09 de janeiro de 2017 às 09:58 - Atualizado em 09/01/2017 09:00

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O sucesso de cearenses pelo mundo através do estudo não é algo exatamente novo de se ver. Contudo, o professor doutor Daniel Valério, de 38 anos, tem uma carreira de sucesso de dar inveja em muitos estrangeiros. Formado em pedagogia no Brasil, ele se consagrou como primeiro cearense a ganhar o “Prêmio Extraordinário de Doutorado da Universidade de Salamanca“, na Espanha.

Entre 612 trabalhos analisados entre 2015 e 2016, apenas 67 foram escolhidos para receber esta honra, que é considerada o maior título que uma pessoa pode conseguir na área acadêmica na Europa. Para ganhar o prêmio, Daniel realizou uma tese de doutorado sobre os projetos educacionais indígenas de educação superior nas comunidades indígenas de Fortaleza e da Região Metropolitana.

Em entrevista ao Tribuna do Ceará, o professor contou que o sentimento de ganhar um prêmio desse é incomparável. “Sinto-me feliz. Vejo que tudo que passei ao longo da minha vida valeu a pena. Todos os esforços estão sendo recompensados agora. Foi uma vitória completa, uma vitória para a minha família, já que saí de uma família pobre de Cascavel para o mundo”, contou.

Atualmente trabalhando na Universidade de Salamanca, Daniel explica que esse prêmio não será o ponto final de sua carreira acadêmica. Hoje, ele está fazendo mais um doutorado e um pós-doutorado para se especializar ainda mais na área de antropologia.

Vida que ninguém vê

O sucesso do cearense fora do Brasil é algo que muitos tentam chegar, mas poucos possuem a coragem de enfrentar os obstáculos. Para chegar onde está, Daniel precisou passar por dificuldades que ele próprio não deseja a ninguém.

Formado em pedagogia no Brasil, especialista em metodologias do ensino de história, ele foi por seis anos professor da disciplina nos municípios de Cascavel, Pindoretama, Beberibe e Pacajus, todos no interior do Ceará.

Cansado de dar aulas e de não ser reconhecido como queria, Daniel decidiu aos 23 anos encarar o mundo. Através do mestrado de antropologia de Iberoamerica, ele conseguiu abrir sua primeira porta no Velho Continente. “A oportunidade de fazer esse mestrado foi tudo na minha vida. Consegui montar outra trajetória graças aos meus estudos aqui”, explicou.

Mas antes de iniciar essa nova jornada, Daniel conta que precisou ralar bastante para chegar aonde chegou. Antes de fazer o mestrado e até no período no qual realizava, ele precisou trabalhar nos chamados “subempregos”. “Para me sustentar aqui tive que trabalhar como jardineiro, frentista, garçom, lavador de pratos, camareiro e até de Papai Noel em um shopping em Portugal. Tinha dias que eu não tinha o que comer, passava muita fome e quando falava com minha família, dizia que estava tudo muito bem. Mas foram as dificuldades que me fizeram forte”, explica, orgulhoso.

Quando perguntado o que ele acha de si mesmo, Daniel não pensou muito. “Na verdade, muita gente pensa que devo estar muito orgulhoso de tudo que conquistei. Mas estou somente bem com minha consciência. Sempre procurei fazer o melhor e dar o melhor de mim em tudo. Garanto que fui o melhor Papai Noel daquele shopping, assim como garanto que fui o melhor pesquisador de doutorado no meu tema. Essa sensação ninguém tira de mim”, enfatizou.

Atualmente, ele é coordenador de um mestrado na universidade espanhola e pensa em voltar ao Brasil no futuro. “Creio que sou mais importante para o brasil estando fora dele, pois atualmente sou coordenador do Mestrado de antropologia da universidade de Salamanca e presidente da associação da comunidade brasileira de Salamanca”, concluiu.

Tribuna do Ceará