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Mesmo pressionado, Dunga mostra versão 'paz e amor' na seleção

Redação Folha Vitória

Los Angeles - Nos dias iniciais de treinamentos da seleção em Los Angeles para a Copa América Centenário, o técnico Dunga tem se mostrado tranquilo, controlado e cordial, mesmo com a pressão trazida pelas dificuldades nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, torneio em que o Brasil está apenas em sexto lugar. Na primeira entrevista coletiva, quando questionado sobre essa situação desconfortável, ele disse que todos os técnicos anteriores passaram por isso e que não havia novidade. Afirmou isso sem se alterar.

Continuou de forma paciente e educada ao longo de todas as respostas, durante quase meia hora. Esse comportamento cordial faz contraste com a primeira passagem do treinador pela seleção, entre 2006 e 2010. Naquela época, a maioria das perguntas era respondida com uma "patada".

Em um programa do SporTV, na semana passada, Dunga pediu "democracia" para interromper uma discussão entre o ex-jogador Casagrande e o coordenador de seleções Gilmar Rinaldi.

Essa versão soft e aveludada, uma espécie de Dunga paz e amor, não é propriamente nova, mas representa a confirmação de uma tendência dos últimos anos. Nos treinos, ele conversa sempre com o auxiliar Andrey Lopes, seu braço direito, e também com o auxiliar pontual. Nesta primeira semana em solo norte-americano, o posto de conselheiro é ocupado por Juninho Paulista, pentacampeão mundial com a seleção em 2002. Dunga sempre diz que as decisões são compartilhadas.

A lista de convocados também mostra concessões. Depois de ter sido colocado na geladeira porque teria simulado uma lesão para não ser convocado, Hulk pode ser titular na Copa América.

Dunga ainda mantém suas desavenças com alguns atletas, como Marcelo e Jefferson, por exemplo, que não voltaram a ser convocados. Evita ao máximo o contato com jornalistas e proíbe a presença dos assessores dos atletas na concentração, mas vem tomando atitudes que são o oposto do Dunga turrão e zangado da primeira passagem pela seleção.

A relação com o torcedor ainda não pôde ser medida. O treinador teve pouco contato com fãs por causa do forte esquema de segurança por onde passa. No hotel Belamar, concentração luxuosa e sofisticada da equipe, quem não é hóspede nem entra no saguão. Nos dois dias de apresentação dos jogadores, ninguém apareceu pedindo fotos ou autógrafos. No complexo esportivo SportHub Center, estádio do Los Angeles Galaxy cedido para os treinamentos da seleção, portões fechados.

Funcionários mais antigos da CBF, que acompanharam as 60 partidas do primeiro ciclo do treinador com 42 vitórias, 12 empates e seis derrotas, recomendam que é melhor esperar até o início da Copa América. Alertam que o humor do chefe muda de acordo com os resultados do time dentro de campo.

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